por Roberto Goldkorn
Um programa de TV de grande audiência fez uma matéria sobre reencarnação. O motivo era que duas brasileiras estavam sendo “investigadas” por um cientista americano dedicado a pesquisar e comprovar “casos de reencarnação”.
No meio da reportagem um “cientista” brasileiro foi ouvido e declarou que ainda não há comprovação científica de que o “fenômeno” é real, e que ninguém o convenceu disso ainda. A superficialidade e por consequência a leviandade com que um tema tão complexo é tratado num espaço de três minutos só gera mais confusão nas mentes do público.
Quem já acredita continua se sentindo reforçado em sua crença. Quem não acredita usa essa superficialidade justamente para também confirmar a sua descrença. Já imenso contingente que não tem opinião formada fica assim: com o meio de campo embaralhado.
Há dois aspectos básicos nesse caso que contribuem para jogar areia nos olhos do público. O primeiro é o fato de estarem se buscando “provas” pontuais da reencarnação vista como fenômeno. Não é fenômeno, é da natureza da vida, e da natureza humana em geral.
Encontrar alguns indivíduos que se lembram de sua vida anterior com riqueza de detalhes, principalmente crianças, pode ser uma pista enganosa. Se através de uma investigação com rigor científico inatacável, ficar provado e comprovado que essas poucas centenas de sujeitos no mundo todo são verdadeiramente reedições de pessoas que viveram antes deles nascerem, podemos estar longe de provar a reencarnação como fenômeno da natureza humana.
Os céticos tanto religiosos quanto ateus, podem ver nisso um “acidente”, alguma falha no esquema proposto pelas crenças ou descrenças que adotam. Todos somos atualizações de programas passados, essa é uma regra que não admite exceções. Mas porque apenas alguns têm viva as marcas ou memória de fatos de sua vida anterior? Porque apesar de trazermos o DNA e um banco de dados de existências anteriores, somos novos indivíduos, e por isso ao nascermos, essa memória é automaticamente apagada, no que eu chamo de “amnésia espiritual”. No entanto um mecanismo que atinge bilhões de pessoas pode apresentar falhas, principalmente na infância onde a nova personalidade (localizada no lado esquerdo de cérebro) ainda não assumiu o controle.
Outro motivo que dificulta a emergência dessas memórias é a ausência de intensidade emocional. A maioria de nós vive e morre de forma morna, sem heroísmos, sem grandes picos de paixão/emoção, e sem um desenvolvimento espiritual relevante que possa ser acionado mais tarde. São justamente esses grandes volumes emocionais que ficam pulsando e às vezes rompem a barreira da tal amnésia espiritual, e transbordam na vida atual dos indivíduos.
A ignorância sobre a real natureza desses fenômenos, os preconceitos religiosos (mais ignorância), e as dificuldades naturais de comunicação fazem o resto do trabalho de manter nas sombras as manifestações mais ostensivas de memórias de vida passada.
Para mim a reencarnação não é uma questão de crença, como é para os que não acreditam, e sim de lógica comprovável. Todos os dias nos últimos 30 anos venho comprovando esse fato através de mecanismos que possuo e uso profissionalmente, assim como muitos outros além de mim.
O que acredito é que brevemente os avanços na tecnologia da informática somados aos do deciframento do código genético darão os suportes “científicos” sobre a realidade da reencarnação, tão incensados pelo tal médico da reportagem. Por fim uma resposta conceitual. Por que a crença da reencarnação não faz tanto sucesso?
Simplesmente porque as pessoas que acreditam não fazem disso uma ideologia, não saem batendo de porta em porta com uma pastinha debaixo do braço para catequizar os “pobres incrédulos”. Porém acho justo que você busque algum embasamento maior para se sentir mais confortável acreditando na reencarnação. Se assim for, vá à luta, estude, pesquise, os louros de uma tal conquista são mais saborosos e mais reconfortantes, do que apenas dizer: Acredito porque acredito!