Afinal, o que é o Absoluto?

por Nicole Witek

O século XX foi o século das descobertas sensacionais. Infelizmente, ainda não assimilamos ou não nos demos conta da importância, ou, simplesmente, não sabemos fazer a transposição para a vida cotidiana das notícias que vêm dos cientistas. Essa incapacidade é dramática, até letal.

Continua após publicidade

Cientistas informam

A matéria é feita pela dualidade onda-corpúsculo – explico logo abaixo. A onda é uma energia que vibra com sua frequência, sua amplitude, seu comprimento. O universo é “ocupado” por milhares de ondas que se cruzam, se sobrepõem e se entrelaçam.

Ao mesmo tempo, dependendo do momento e do observador, a onda pode transformar-se em corpúsculo, como os fótons, leptons ou quarks que representam os tijolos do universo. Esses tijolos irão associar-se para formar os átomos como o hidrogênio, o oxigênio ou o carbono.

Onda/corpúsculo?

Continua após publicidade

Para simplificar o raciocínio podemos comparar esse fenômeno à água/gelo. A água a uma temperatura abaixo de zero se solidifica na forma de gelo. A matéria é formada por grupos ou “pacotes” chamados “quantas” (uma pequena “quantidade”) que se comportam tanto como onda, tanto como corpúsculo, em certas condições. Como a água, abaixo de zero se transforma em gelo.

A luz é uma onda eletromagnética. Cada corpúsculo representa uma fantástica concentração de energia. A partir desse raciocínio podemos concluir que a matéria, como nós percebemos, NÃO EXISTE.

Extrapolando: a matéria do nosso corpo NÃO EXISTE do jeito que acreditamos. Cada um de nós é um conjunto, uma concentração de energia. Átomos, partículas, mantidos entre si por uma formidável “cola” eletromagnética que dá, por exemplo, solidez à nossa mão quando está sobre a mesa: graças às forças eletromagnéticas, a mão não atravessa a mesa.

Continua após publicidade

Cada objeto tem consistência diferente. Essa situação faz com que acreditemos num mundo de aparências onde existe matéria animada ou não: igual ao conjunto de partículas, corpúsculos unidos por forças ou ondas entrelaçadas com ou sem movimento. O que está errado, porque a matéria está animada de um movimento sem fim.

Exemplo para visualizar: no escritório de onde escrevo posso captar todos os canais de televisão ou de rádio, todas as frequências. Também o sinal de qualquer operadora de celular, porque todas as frequências são disponíveis e potencialmente capazes de serem captadas.

Se eu tiver uma televisão ou um telefone celular poderei captar as ondas, já que elas entram em ressonância com meu equipamento. Não basta entrar em ressonância, precisa ter também um aparelho que funcione e que seja destinado a essa finalidade.

A ressonância é a base das ligações entre os diferentes componentes do universo, seja de origem externa ou interna.

No corpo humano, os órgãos são capazes de entrar em ressonância com a poluição do ar ambiente ou com uma emoção. O funcionamento dos órgãos pode ser alterado por essa ressonância, sob certas condições.

A energia do universo nos envolve. Somos feitos de energias e estamos mergulhados num mundo de energias. A energia que anima o universo é chamada vida. A força de vida está em tudo, sem nenhuma distinção. Desde as galáxias mais longínquas até dentro da mínima partícula do corpo.

As energias vão e vêm, atravessam o universo de ponta a ponta. Atravessam, inclusive, o meu ser, já que sou um conjunto de órgãos, de pensamentos e de emoções.

Existem enormes reservatórios com comprimentos de ondas diferentes, dos quais podemos extrair as energias que irão manter, sustentar e melhorar nosso funcionamento físico como psíquico: energias cósmicas, telúricas e universais. As energias do universo são capazes de serem armazenadas e utilizadas onde queremos. Para visualizar, o pensamento seria como um “trem de energia” feito de vagões, como vagões de carga, onde se transporta o que quer. Principalmente o que pode entrar em ressonância com as partículas do corpo, como modificar a qualidade dos pensamentos ou das emoções, para favorecer o bem-estar.

Até agora, contentei-me em fazer uma exposição, de seguir um raciocínio que é o prolongamento simplificado das grandes descobertas do século XX.

O Purusha (O Absoluto)

Porém, com um olhar de yogi contemporâneo sobre esse assunto, não posso resistir em mencionar que muito antes da física do século XX e da descoberta da fissão e da explosão da bomba atômica, os antigos sábios elaboraram um sistema completo de extrair energias sustentadoras de vida do universo e colocar-se em ressonância com o essencial: o purusha, o ser profundo, no meio de um mundo totalmente diferente do que parece (maya, a ilusão). O Purusha, sendo o Absoluto.

A matéria, Prakriti é multifacetada, mutante, volátil, vibrante, visível ou invisível, no entanto, o Purusha:

– é consciência pura, não manifestada, não individualizada, desvinculada do manifestado, imutável e eterna;

– ilumina toda evolução cósmica e individual;

– é infinito, onipresente, não atua, mas penetra em tudo e jaz em todos os seres como se fosse o Eu,

– é o observador imóvel dos movimentos da matéria, prakriti,

– não depende de nada, porém todas as manifestações da matéria dependem de Purusha;

– é a raiz de todos os seres humanos e psiquismos humanos;

– é o principio da inteligência/informação do universo;

– é o núcleo irredutível da personalidade e a verdadeira essência no homem.

O que quer dizer tudo isso?

Na prática, quanto mais tiramos os véus, os obstáculos que obscurecem o Absoluto, mais consciência temos do sistema de funcionamento do universo e mais nos aproximamos da nossa verdadeira natureza, e da nossa libertação dos males físicos e psíquicos.

Desta forma, colocamo-nos em ressonância com a possibilidade de usufruir do sistema do yoga e a vislumbrar o Purusha no meio da matéria, aproximando-nos da realidade do universo e da felicidade absoluta.

A ignorância dessa realidade pode afastar-nos, cada dia mais, de nossa essência e nos perturbar física e psiquicamente, pode ser até letal.

É necessário pensar bem…