Afinal, o sexo se ‘modernizou’?

Veja os fatores socioculturais, de mais de cinco décadas para cá, que fizeram o sexo se modernizar…     

E-mail enviado por uma leitora:  

“O fazer sexo historicamente é o mesmo, o Kama Sutra existe há quase dois mil anos. Sou uma mulher madura. O que eu quero saber é o seguinte, se de um modo geral, se práticas sexuais de algumas décadas atrás consideradas tabus, como o sexo anal, sexo casual por exemplo, de fato se popularizaram? Ou se essas práticas se incidem mais nessa geração Z que nasceu dos anos 1990 para cá ou em pessoas mais jovens?”              

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Resposta: O Kama Sutra, escrito entre os séculos I e IV, é um manual hindu de práticas eróticas e ensinamentos para o envolvimento amoroso. A sensualidade é considerada parte do sagrado na cultura hindu.

No ocidente, durante muito tempo, a moral religiosa desempenhou forte influência sobre as pessoas legitimando o sexo unicamente com a finalidade reprodutiva. Neste sentido, toda atividade sexual que fugia desse padrão assumia caráter pecaminoso. Assim, para entendermos as grandes mudanças ocorridas no comportamento sexual e nos relacionamentos atuais, devemos considerar a cultura e o momento histórico.

Afinal, o sexo se ‘modernizou’?

Muita coisa mudou nos anos 1960 e 1970, e isso influenciou as próximas décadas até os dias atuais; e contribuíram de forma decisiva para isso o advento dos métodos contraceptivos permitindo à mulher controle sobre o seu próprio corpo e sua vida.

O acesso feminino ao mercado de trabalho permitiu o direito das mulheres a entrarem com o pedido de separação disparando o número de divórcios. Homens e mulheres foram, então, conquistando mais liberdade no que se refere às suas expressões afetivo-sexuais e ampliando as suas experiências de prazer no sexo – como no sexo anal, sexo oral, masturbação etc – sem as amarras que os limitavam ao sexo como reprodução no passado.

As novidades tecnológicas, como o lançamento das redes sociais e dos aplicativos de encontros, ampliaram as chances de pessoas de todas as idades e gêneros se conhecerem. Além disso, novos modelos de relacionamento, como sexo casual, poliamor, swing, relacionamentos em casas separadas, entre outros, fazem parte do cardápio de possibilidades de escolha das pessoas, independente também de idade ou gênero.

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É Psicóloga Clínica, Terapeuta Sexual e de Casais no Instituto H.Ellis-SP; psicóloga no Ambulatório da Unidade de Medicina Sexual da Disciplina de Urologia da FMABC; Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; epecialista em Sexualidade pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana – SBRASH; autora do livro “Mulher: produto com data de validade” (ED. O Nome da Rosa) Mais informações: www.instituto-h-ellis.com.br

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