Por Dulce Magalhães
Às vezes fazemos um esforço enorme para conseguir o que desejamos. Queremos muito que algo dê certo e colocamos empenho, energia, vontade, ficamos obcecados, temerosos ou esperançosos na busca de alcançar determinado objetivo.
Ficamos tão focados que perdemos o foco, já não enxergamos mais alternativas, não percebemos outras possibilidades de caminho e julgamos que a única forma é do jeito que consideramos “a” correta. Essa inflexibilidade pode ser o maior impeditivo para alcançarmos exatamente o que desejamos.
Tudo no mundo tem um ritmo, uma pulsação própria, que não é, necessariamente, do jeitão que nós definimos. Queremos que o mundo funcione dentro de nossos parâmetros, porém, isso é claramente, um absurdo. Mesmo assim, aspiramos que o cosmos se reorganize ao redor de nossos desejos.
Ainda bem que não é assim. Seria uma vida muito limitada, afinal só somos capazes de almejar aquilo que conseguimos perceber e o universo é muito maior que nossa percepção. Felizmente tudo funciona em seu próprio ritmo e processo, mesmo que a gente faça um esforço enorme para que as coisas sejam diferentes do que são.
Esforço inútil e desnecessário. Ao soltarmos aquilo em que estamos apegados, a vida simplesmente segue seu perfeito e harmonioso ritmo, com o qual nem sempre estamos afinados. Largar para conseguir, esta é uma fórmula antiga, o pão só cresce quando o deixamos descansar e fermentar em seu próprio ritmo.
Não aceleramos a maturidade de ninguém, nem de nenhum processo, tudo vai chegar ao seu ponto de maturação no tempo certo, da forma correta, dentro de sua própria natureza.
Então, não devemos fazer nada?
Nossa tarefa exclusiva é abertura e aceitação, para que aquilo que se apresenta possa ser desfrutado como se apresenta e não como gostaríamos que fosse.
Abrir mão de querer para, de fato, conquistar, nos parece um contrassenso, contudo aqui estamos tratando de, efetivamente, estabelecer um alvo, olhar naquela direção e permitir que a realidade faça sua mágica, que é sempre maior do que nós. Há algo relaxante em permitir que tudo ocorra de acordo com sua própria e peculiar natureza, mesmo porque nosso esforço não muda isso, mas costuma nos dar um senso de frustração por ser diferente de nossas expectativas.
Compreender e aceitar essa diferença é verdadeira paz. Nada é melhor ou pior, não se trata de um julgamento, as coisas só são diferentes do que imaginamos, porque não somos capazes de imaginar um universo mais vasto do que nossa experiência limitada de vida.
Expandimos limites, cruzamos fronteiras de impossibilidades e ampliamos horizontes de experiências quando acolhemos e incluímos tudo o que acontece como parte do todo da vida. Anote isso então, abertura e aceitação são as palavras chave para uma vida harmoniosa. Reflita sobre isto. Suerte!