por Jocelem Salgado
O uso de plantas aromáticas é tão antigo como a história da humanidade, sendo empregadas na medicina, na cosmética e em cerimônias religiosas.
Os relatos mais antigos encontram-se no sânscrito dos Ayurvedas (há mais de 2.000 a.C.), onde há descrições de técnicas rudimentares que os hindus utilizavam para a obtenção de produtos destilados, provavelmente álcoois aromáticos de diferentes espécies de capins e mirra.
O alecrim (Rosmarinus officinalis L.) é um arbusto comum da região do Mediterrâneo que, devido ao seu aroma característico foi designado pelos romanos como “rosmarinus”, que em latim significa orvalho do mar. Como toda erva aromática, o alecrim chegou no Brasil na época da colonização e recebeu diversos nomes populares como: rosmarinho, rosmaninho, alecrim comum, alecrim de cheiro, alecrim de jardim e alecrim de horta.
Apesar de seu aspecto rudimentar o seu cultivo requer muito cuidado. Ele prefere solos pedregosos e sol pleno. A sua colheita é uma arte, deve ser iniciada antes ou no início do estágio de floração intensa, no período da manhã, com tempo encoberto, a partir do segundo ou terceiro ano de vida da planta.
Recomenda-se fazer a colheita antes do ápice solar, preferencialmente entre 6 e 10 horas da manhã.
Todos esses cuidados são fundamentais para preservar a qualidade do alecrim e principalmente de seus compostos bioativos como o ácido rosmarínico, ácido caféico, limoneno, pineno e a cânfora.
As folhas secas ou frescas do alecrim são utilizadas para a preparação de chás (infusos) e tinturas (extratos alcoólicos). As partes floridas são empregadas na produção de óleo essencial.
O uso popular do alecrim para o tratamento de diversas doenças despertou o interesse da comunidade científica para o estudo das substâncias bioativas.
De acordo com inúmeros estudos, o alecrim é um excelente fitoterápico, sendo indicado para controle da tosse e da gripe, combate das crises de asma e alivio de dores causadas por contusões. Esse arbusto também equilibra a pressão arterial, pode auxiliar no tratamento de dores reumáticas e gota, além de ser diurético e acelerar a digestão, ainda facilita a menstruação, combate a icterícia e tem ação sedativa.
Segundo a medicina popular do nordeste o consumo de doses de 5 a 10 ml, duas vezes ao dia, da tintura de alecrim misturada com água e açúcar em partes iguais é benéfico à saúde devido à sua ação carminativa (redução de gases). Para o tratamento via oral de hemorroidas inflamadas, o consumo das mesmas doses indicadas acima, por dez dias é eficaz. A tintura diluída em água (proporção de um para um) serve para bochechos contra o mau hálito, aftas, estomatites e gengivites.
Externamente, emprega-se a tintura ou óleo essencial de alecrim diluído em álcool a 70% na forma de compressas ou fricções no tratamento de entorses e contusões. Compressas frias com algumas gotas de óleo essencial também são empregadas para o alívio de enxaquecas na forma de compressas sob a testa. Por ter propriedades cicatrizantes, antimicrobianas e estimulantes, o óleo essencial do alecrim é incorporado na formulação de cremes e loções para o tratamento do couro cabeludo. A tintura do alecrim também é utilizada para a produção de loções que combatem a alopécia (queda de cabelo). Para sarna, usa-se uma infusão bem forte e aplica-se na pele. Como cicatrizante de feridas e tumores: usam-se folhas secas reduzidas a pó ou suco.
Aromaterapia e memória
Na aromaterapia o alecrim é utilizado para estimular a memória. A pesquisa de Angioni e colaboradores (2004) comprovaram que o óleo essencial de alecrim aumenta o desempenho cognitivo de indivíduos. O estudo concluiu que o impacto olfatório causado pelo óleo essencial de alecrim realça significativamente a qualidade da memória. De acordo com alguns especialistas ramos de alecrim devem ser dependurados em oficinas e áreas onde crianças fazem tarefas escolares para aumentar o desempenho.
Segundo algumas pesquisas a inalação com óleo essencial de alecrim é indicada para o combate da depressão e a ansiedade por ter ação relaxante. A pesquisa de Zeng e colaboradores (2001) demonstraram que o carnosol, rosmanol e epirorosmanol presentes no alecrim inibem a oxidação dos lipídeos da membrana celular e do LDL. Esses resultados indicam que o consumo dessa planta pode contribuir para a prevenção de doenças cardiovasculares.
O óleo essencial de alecrim também tem uma ação antiviral potente. Segundo estudos o óleo essencial de alecrim pode contribuir para o controle do vírus do herpes simples que é responsável por uma grande variedade de doenças que pode levar à morte.
O alecrim também pode ser consumido de várias formas não somente como infusões ou óleos. Segue abaixo algumas dicas para inclui-lo diariamente em sua alimentação.
O alecrim fresco, misturado às massas caseiras de pão, dá um gosto saboroso e exótico à massa, além de deixar o pão digestivo e energético. Ele também pode ser adicionado às manteigas e patês.
Você também pode fazer em casa uma conserva de alecrim para saladas: Em vidro esterilizado, coloque um galho de alecrim fresco, manjericão, alguns grãos de coentro e um grão de pimenta da Jamaica. Coloque ¼ de vinagre de maçã, água filtrada e sal. Deixe macerar durante 8 dias. A conserva deve ser usada como tempero junto com azeite.
O vinho de alecrim também é uma opção simples: coloque alguns galhinhos de alecrim fresco em um bom vinho tinto e deixe macerar durante 21 dias bem fechado com parafina na rolha. Guarde em lugar escuro, de preferência deitado. Quando passar esse tempo, coe e acrescente mel puro a gosto.Tome antes do jantar. É usado para a digestão, memória e tônico geral.
Apesar dos diversos benefícios do alecrim, seu consumo não deve ser exagerado, pois o uso excessivo pode causar gastroenterites e nefrites. O consumo de alecrim não é indicado para gestantes e indivíduos que apresentam quadro de eplepsia.