por Jocelem Salgado
A dor nada mais é do que uma sensação ruim que sentimos sinalizando que algo de errado está acontecendo com o nosso corpo.
Por meio de células especiais, os nociceptores, que estão espalhados por todo o corpo, a dor é detectada e transmitida através de fibras nervosas até o sistema nervoso central. A dor pode ser causada por diversos fatores e um deles é a inflamação.
Estudo realizado nos Estados Unidos definiu e validou um índice inflamatório para avaliar o potencial inflamatório da dieta que consumimos. A análise de diferentes constituintes alimentares sugere que a dieta pode influenciar positiva ou negativamente a produção de fatores inflamatórios no organismo humano.
De acordo com o estudo, "O propósito da criação de um índice inflamatório, é prover uma ferramenta que possa categorizar a dieta de uma pessoa como anti-inflamatória ou pró-inflamatória", explicam os autores. Dessa maneira, uma dieta já conhecida como sendo anti-inflamatória pode exercer um efeito protetor contra uma resposta inflamatória exacerbada e proteger indiretamente o organismo do desenvolvimento de algumas doenças, como câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas relacionadas com inflamação.
No estudo, foi elaborada uma pontuação para diversos compostos alimentares e alguns alimentos, dependendo do seu potencial inflamatório. A pontuação de -1 foi dada àqueles alimentos ou nutrientes com efeitos pró-inflamatórios; a pontuação de +1 para os alimentos cujos efeitos foram anti-inflamatórios; e 0 para as variáveis dietéticas que não produziram mudanças nos marcadores inflamatórios.
De acordo com este índice, os compostos alimentares com características pró-inflamatórias (ou seja, aqueles com pontuação mais próxima de -1) foram em ordem decrescente: carboidratos (-0,346); lipídios (-0,323); gordura saturada (-0,25); colesterol (-0,21); vitamina B12 (-0,09); ácidos graxos monoinsaturados (-0,05) e ácidos graxos ômega-6 (-0,016).
Os compostos alimentares anti-inflamatórios (com pontuação mais próxima de +1) foram, em ordem decrescente: magnésio (0,905); açafrão-da-índia (0,774); betacaroteno (0,725); genisteína (uma isoflavona da soja 0,68); vitamina A (0,58); chás (0,552); fibras alimentares (0,52); vinhos (0,48); quercetina (tipo de flavonóide,presente em cebolas, maçãs,etc 0,49); luteolina (tipo de flavonóide, 0,43); vitamina E (0,401); ácidos graxos ômega-3 (0,384); vitamina C (0,367); vitamina D (0,342); zinco (0,316), vitamina B6 (0,286); alho (0,27); niacina (0,26); ácido fólico (0,214); cerveja (0,2); gengibre (0,18); daidzeína (uma isoflavona, 0,17); cianidina (pigmentos vermelhos de vegetais, 0,13); epicatequina (0,12); cafeína (0,035); riboflavina (0,16); bebidas alcoólicas (0,1); proteínas e tiamina (0,05); ferro (0,029) e selênio (0,021).
A partir deste índice é possível listar alguns alimentos que podem ser grandes aliados no combate às dores, principalmente aquelas de origem inflamatória, como dores de garganta, artrite entre outras.
Podemos começar citando a cúrcuma. A cúrcuma é uma raiz também conhecida como açafrão-da-terra ou açafrão-da-índia, muito utilizada como condimento para os alimentos. Seu principal componente é a curcumina, que de acordo com o índice, é um poderoso agente anti-inflamatório e por isso grande aliado no alívio das dores.
As frutas vermelhas contêm flavonoides que são potentes antioxidantes. As pesquisas afirmam que os antioxidantes impedem os danos produzidos pelos radicais livres e inibem as enzimas ciclooxigenases (causadoras da inflamação) melhor do que muitas drogas anti-inflamatórias.
O gengibre não é apenas um analgésico anti-inflamatório natural, mas também protege o estômago dos efeitos dos analgésicos. Beber a infusão feita com o gengibre é uma ótima maneira de aliviar dores, principalmente artrites e dores de garganta.
O alho pode reduzir a inflamação e a dor no corpo, graças aos compostos sulfurados (contem enxofre).
Os abacates contêm muitos compostos diferentes que combatem a inflamação. Isso inclui os carotenoides, fitoesterois, gorduras insaturadas, como ácidos graxos ômega-3 que trabalham em conjunto no processo anti-inflamatório.
O salmão é uma das melhores fontes de ácidos graxos ômega-3 que são muito eficazes na luta contra a inflamação. Os ômega-3 são utilizados para tratar uma ampla gama de doenças inflamatórias, doenças do coração, doenças autoimunes bem como a doença de Alzheimer. Outros peixes como a sardinha, anchova e cavala também são anti-inflamatórios.
O azeite de oliva contém ácido alfa-linolênico (ALA), um tipo de ômega-3 que é um potente anti-inflamatório.
Além destes alimentos, é importante o consumo de muita água durante o dia. Muitas vezes, uma simples dor de cabeça aparece como um sintoma de desidratação ou de uma hidratação insuficiente. Em casos de dor de garganta, a inflamação costuma deixar a garganta ressecada, por isso a água é uma grande aliada. Ela ajuda a aliviar a sensação incômoda da dor de garganta, mantendo as cordas vocais hidratadas e impedindo que elas se ressequem novamente. Beba sempre muita água, é importante tomar pelo menos dois litros de água por dia para manter a pele hidratada e a saúde do organismo.