Por Elisandra Villela Gasparetto Sé
Muitos estudos apontam para as possibilidades de evitar as falhas de memória por meio das mudanças simples na alimentação. Os hábitos alimentares são fundamentais para manter o cérebro saudável. A comida é um composto farmacêutico que interfere no metabolismo cerebral. Os efeitos da dieta no cérebro têm a capacidade de proteger o cérebro dos efeitos do envelhecimento.
Uma pesquisa desenvolvida pelo pesquisador Gómez-Pinilla, publicada na revista científica Nature, mostra o potencial das gorduras insaturadas. É um tipo de gordura que pode ajudar a manter a flexibilidade das células cerebrais para responder aos impulsos nervosos. O estudo destaca que entre essas gorduras, o ômega-3 presente em peixes de água fria, como o salmão, tem um efeito nas sinapses – a comunicação das células nervosas do cérebro, os neurônios. Esse tipo de alimento melhora a transmissão e o processamento de informações e por isso contribui para a melhora do processo de aprendizagem, a fixação das informações entre outras funções cognitivas.
Outro tipo de alimento importante são os antioxidantes, pois o cérebro é uma estrutura altamente sensível à ação dos radicais livres – moléculas oxidantes derivadas do metabolismo que danificam as células saudáveis e, por isso, vêm sendo associadas às doenças típicas do envelhecimento. Portanto, para proteger a memória da ação dos radicais livres, uma opção é uma dieta que inclua grãos, folhas verdes e frutas cítricas, ricos em vitaminas C e E.
Além disso, alimentos como o mirtilo, açaí e nozes são poderosos antioxidantes com a capacidade de ativar o mecanismo natural de “faxina” no cérebro que renova as proteínas tóxicas ligadas à perda de memória. Muitas outras frutas e vegetais contêm esses componentes, especialmente aquelas de cor vermelha, laranja ou azul.
Muitos outros alimentos que têm a capacidade de melhorar o desempenho do cérebro estão disponíveis e são comprovados por estudos científicos. O óleo de coco, por exemplo, libera cetona, um composto capaz de manter o cérebro bem nutrido por longos períodos. O abacate e as azeitonas possuem gorduras monoinsaturadas que também contribuem com a integridade da membrana celular. O açafrão tem um papel importante como antioxidante e anti-inflamatório. E a camomila, o hortelã e o alecrim são fontes de letuolina, importante contra as inflamações cerebrais decorrentes do envelhecimento.
Um outro estudo sobre a alimentação e saúde cerebral e prevenção de perdas de memória desenvolvido por Larry McCleary, um neurocirugião nos Estados Unidos, mostrou que a sustentabilidade da flexibilidade dos neurônios é determinada unicamente pelo tipo de gordura que ingerimos diariamente. As gorduras industrializadas, como gorduras trans e hidrogenadas são prejudiciais para o cérebro porque enrijecem as membranas, tornando os neurônios mais rígidos e ineficientes. Isso teria um efeito direto na saúde da população que está cada vez mais habituada a ingerir alimentos industrializados.
Atualmente sabe-se que os alimentos industrializados e uma alimentação que não seja saudável aumentam as chances de desenvolvimento de distúrbios cerebrais, por exemplo, a doença de Alzheimer. Portanto, a saúde está diretamente relacionada à alimentação.