por Gilberto Coutinho
A flatulência (Do fr. “flatulence”), ou meteorismo, caracteriza-se pelo acúmulo de gases no tubo digestivo (estômago e/ou intestinos) e pela emissão desses gases pela boca (eructação, liberação de gases contidos no esôfago e estômago) ou pelo ânus.
As crianças recém-nascidas, com frequência, apresentam acúmulo de gases no trato digestivo, responsável pelos episódios de cólicas (dores que acometem o cólon), provocado pela deglutição do ar durante a amamentação ou pela fermentação do leite (principalmente, nos casos de intolerância à lactose, proteína do leite).
Já nos adultos, a mastigação insuficiente, o hábito de se alimentar rápido e falar durante a ingestão de alimentos, a deficiência de enzimas na alimentação, a ingestão de líquidos durante as refeições, o excesso de doces, as sobremesas após as principais refeições, o estresse, o uso de certos medicamentos, as doenças gastrointestinais etc. são alguns dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento da flatulência (em geral, na porção final do intestino grosso).
Organismo libera meio litro de gases por dia
Alimentos industrializados, pasteurizados, cozidos, congelados, amadurecidos artificialmente e os preparados no forno de micro-ondas, geralmente, perdem suas enzimas naturais (compostos proteicos complexos responsáveis por ativar importantes reações químicas orgânicas), o que contribui para que a digestão desses alimentos seja incompleta, contribuindo para a formação de gases. O cozimento destrói as enzimas digestivas encontradas nos alimentos. O leite materno/colostro é o alimento mais rico em enzimas. Dentre outras razões, a amamentação no peito é de extrema importância para os recém-nascidos, pelo menos durante os oito primeiros meses de vida. Estima-se que uma pessoa normal libere cerca de meio litro de gases por dia.
Manifestações clínicas
Tal distúrbio, na maioria das vezes, ocasiona distensão abdominal, desconforto, cólicas, mal-estar abdominal, indisposição, incômodo e ansiedade, pode ser provocado pela ingestão de alimentos que fermentam durante o processo de digestão e assimilação dos nutrientes, pelas combinações inapropriadas (bioquímicas) entre diversos tipos de alimentos, pela fermentação de carboidratos (amidos e açúcares) por bactérias da flora do intestino grosso, má digestão, fezes retinas no intestino grosso (constipação intestinal), aerofagia (deglutição do ar) e ingestão de bebidas gaseificadas. Queixas de distúrbios de natureza gastrointestinal têm aumentado devido a hábitos alimentares errôneos.
A flatulência em algumas situações pode dificultar a respiração, assim como simular funcionamento anormal do coração, ocasionando dores na região (precordial). Dentre os seus sintomas e manifestações usuais, encontram-se: distensão e mal-estar abdominal, arrotos, expulsão de gases pelo ânus, prisão de ventre e desarranjos intestinais.
Úlcera péptica e hérnia de hiato esofágico podem também ocasionar sintomas idênticos. Flatulência excessiva acompanhada de diarreia pode ocorrer nas intolerâncias alimentares (como no caso da lactose). Quando a flatulência manifesta-se de forma anormal seguida de fezes amolecidas ou diarreicas, devem-se investigar as causas, que podem ter sua origem no uso de medicamentos (efeito colateral) ou na intolerância ao glúten (doença celíaca). A colite (inflamação do cólon) também pode provocar a formação de gases no intestino grosso (colite flatulenta).