por Jocelem Salgado
Pesquisas atuais feitas no exterior têm chamado a atenção de alguns alimentos ainda não muito conhecidos no Brasil. Um deles que tem sido bastante comentado é o Goji berries (foto): uma fruta cujos benefícios à saúde está associado à redução do risco de doenças cardiovasculares devido ao mecanismo em reduzir o LDL colesterol (colesterol prejudicial em excesso), e aumentar o HDL colesterol, ou seja, é benéfico à saúde do coração.
As Goji berries apresentam cor avermelhada, têm o tamanho semelhante ao das uvas-passa e o sabor ligeiramente doce e azedo. Elas não são fumigadas, processadas ou açucaradas artificialmente de nenhuma forma. São considerados “alimentos superpoderosos” por conter uma proteína completa com 18 aminoácidos, incluindo todos os 8 aminoácidos essenciais. Contêm mais de 20 minerais e são ricas em vitaminas e antioxidantes, podendo ser usadas em muitas receitas.
Em vários grupos de estudo com idosos, essas frutas foram administradas uma vez por dia durante três semanas. Foram observados diversos resultados promissores, sendo que em 67% dos pacientes as funções de transformação das células T (células que protegem o sistema imunológico) se triplicaram e atividade das células brancas interleucina-2 foram duplicadas. Além disso, os resultados mostraram que todos os pacientes apresentaram melhora de humor e otimismo, 95% dos pacientes apresentaram aumento do apetite e melhoras para dormir e 35% dos pacientes recuperaram parcialmente a sua função sexual.
Segundo diversos autores, as Goji berries atuam beneficamente nos seguintes aspectos:
1. Protegem o corpo de envelhecimento prematuro através de sua poderosa ação antioxidante.
2. Aumenta a energia e força, auxiliando as funções do fígado e rim.
3. ”Rejuvenesce” por estimular o organismo a secretar HGH (hormônio do crescimento humano).
4. Controla pressão arterial.
5. Reduz o risco de desenvolver câncer.
6. Reduz o mau colesterol.
7. Promove melhoria nos níveis de açúcar no sangue na fase inicial do diabetes em adultos.
8. Inibe a peroxidação lipídica (uma causa de doença cardíaca).
9. Melhora a resistência às doenças e da resposta imune (de células T, a IL-2, IgA,
IgG).
10. Auxilia o corpo a restaurar e reparar danos no DNA, protegendo contra cânceres e doenças cardiovasculares.
11. Alivia ansiedade e estresse.
12. Aumenta a produção de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.
Outro alimento que também tem sido estudado em outros países e mais recentemente no Brasil mencionado como uma alternativa para pessoas com doença celíaca (pessoas que tem intolerância ao glúten presente em farinha de trigo, por exemplo) é o teff, descrito como o menor grão do mundo. A descoberta das funções benéficas desse grão começou com a observação de estudos epidemiológicos, ou seja, com grandes populações.
A deficiência de Ferro é considerada por muitos autores como a forma de desnutrição mais prevalente em todo o mundo. Pode ser causada por uma ingestão inadequada de Ferro, como por situações de perda crônica de sangue, ou estar associada a helmintíases (vermes no organismo). Entretanto, em certas regiões da Etiópia, apesar da alta prevalência de helmintíases, a anemia ferropriva (causada por deficiência de ferro) é praticamente desconhecida. O principal componente alimentar dos povos desta área é o teff, um grão semelhante ao trigo, porém menor.
Teff: grão semelhante ao trigo, porém, menor
O grão teff propriamente é pobre em Ferro, mas o solo é rico, e como consequência uma alta ingestão de ferro contrabalança uma perda por helmintíases.
Um exemplo do uso desse grão é a farinha de teff, que não contém trigo nem glúten. É rica em ferro e cálcio, tem uma aparência um pouco granulada, mas funciona muito bem em bolos e pães se usada em quantidade entre 25% a 50% da farinha estipulada na receita. Combina muito bem com assados mais escuros como bolo de chocolate, panquecas, wafles, brownie por ter coloração escura e sabor acentuado.
Rooibos tea (chá de arbusto vermelho)
Outra novidade é o rooibos tea (chá de arbusto vermelho). Rooibos, que significa "arbusto vermelho" em africano, é uma planta do Sul Africano da família das leguminosas.
Embora o processamento para obtenção das folhas prontas para o chá tornou-se mais automatizado nos últimos anos, as medidas continuam as mesmas. As folhas (e por vezes galhos) são colhidas, submetidas a atrito, oxidadas ("fermentadas") e secas ao sol. É na etapa de atrito das folhas, na qual as mesmas são trituradas ou marteladas que permite que a matéria desenvolva sua coloração avermelhada durante o processo de oxidação.
Essas folhas (rooibos) são ricas em antioxidantes (quercitina, luteolina, isoquercetina, rutina) e flavonóides e contém concentrações mais altas desses compostos do que o chá normal. Embora nenhuma de suas alegações de benefícios à saúde tenha sido cientificamente comprovada, muitos estudos estão sendo desenvolvidos para comprovar as ações benéficas desse chá. Alem disso, os “rooibos tea” não contém cafeína e são pobres em taninos.
Kefir: alimento é apontado como mais eficaz que iogurte e coalhada
O quefir, também conhecido como kefir, é originário do eslavo Keif que significa “bem-estar” ou “bem-viver”. Os grãos de kefir são constituídos de uma microbiota variada, sendo constituída de uma suspensão de microrganismos simbiontes formada por bactérias acidófilas e leveduras (Saccharomyces, Kluyermyces, Candida e Pichia). Esses grânulos têm sido utilizados há milênios na produção de um fermentado à base de leite de diversos animais (vaca, búfala, égua, cabra, etc.) em diversos países. A bebida fermentada é considerada uma mistura probiótica à base de leite é frequentemente associada à longevidade sendo considerada terapêutica.
No Brasil, O quefir é utilizado como um produto da medicina popular, tendo hoje diversos efeitos probióticos relacionados à sua utilização. A bebida pronta para consumo contém ácido lático, assim como ácidos: fórmico, succínico e propiônico, CO2, álcool etílico, diferentes aldeídos e traços de álcool isoamílico e acetona, além de uma variedade de folatos.
Ele pode ser cultivado em açúcar mascavo, leite ou sucos de frutas, sendo sua coloração dependente do substrato utilizado para cultivo. Os grãos são amarelos claros quando cultivados em leite. Quando acrescidos de açúcar mascavo, tornam-se ocres e pardos, ou purpúreos se cultivados em suco de uva.
Yacon: adoçante natural
O yacon (Smallanthus sonchifolius) é uma raiz tuberosa que vem sendo investigada devido a algumas alegações de suas propriedades funcionais. É uma planta originária dos Andes, utilizada como alimento na América do Sul
Yacon possui propriedades antioxidantes e medicinais, sendo utilizado com sucesso na melhoria da flora intestinal, na redução do colesterol e no controle do diabetes. O mecanismo pelo qual ocorre o controle da glicose ainda não está claro. Uma das possíveis explicações é que o yacon armazena reservas, não na forma de amido, mas de açúcares conhecidos como frutooligossacarídeos (FOS). De baixo teor calórico, mas sem perder o sabor doce, os FOS atuam como adoçantes naturais. Além disso, como todo alimento rico em fibras solúveis, torna a absorção da glicose mais lenta.
Apesar de ser doce, o yacon tem um açúcar conhecido como oligofrutose, que não é absorvido pelo corpo. Isso significa que a raiz é pobre em calorias – o xarope de yacon tem metade das calorias do mel – e seu açúcar não eleva os níveis de glicose no sangue. Além disso, a oligofrutose é prebiótico o qual auxilia a reprodução de bactérias benéficas no cólon – um efeito também produzido pelos "bioiogurtes".