Da Redação
Considerada um tipo de psicose, a esquizofrenia afeta o julgamento crítico que as pessoas fazem do mundo e as alucinações auditivas percebidas somente por eles são características da doença. O conteúdo das vozes, na maioria das vezes, é claramente identificado e tem uma conotação depreciativa ou de perseguição.
Especialistas alertam para o fato de que algumas pessoas com sintomas similares nem sempre têm doenças mentais. O Grupo de Pesquisa em Zumbido da Faculdade de Medicina da USP, através de atendimentos, identificou nos últimos dois anos e meio, mais de 17 casos de pacientes que apresentaram alucinose auditiva.
Segundo a Profa. Dra. Tanit Ganz Sanchez, otorrinolaringologista e chefe do Grupo, a alucinose dos pacientes atendidos foi identificada principalmente como sons de músicas sem controle, vozes não identificadas ou de chamados do próprio nome. Diferente do que a equipe pensou num primeiro momento, nenhum desses casos teve diagnóstico de esquizofrenia ou outro tipo de psicose. A grande maioria apresentou esse quadro em decorrência de perda auditiva antiga sem tratamento, associada ou não a uma depressão.
Todos os pacientes atendidos eram extremamente conscientes do seu problema e tinham o julgamento preservado de que esses sons eram produzidos pelo seu cérebro, diferente do que ocorre com os pacientes que sofrem com a esquizofrenia. “Ouvir essas músicas da alucinose nem sempre é desagradável para os pacientes – por exemplo, quando ouvem o Hino Nacional, Ave Maria ou O Carinhoso ou marchinhas de carnaval, mas eles se preocupam com o fato delas se repetirem frequentemente. É importante diferenciar as duas coisas para não gerar pânico desnecessário”, comenta a especialista que, além do Grupo de Pesquisa em Zumbido, também coordena o Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido (GAPZ).
Alucinose e zumbido
A alucinose pode ou não ter uma relação com o Zumbido – sintoma que atinge 28 milhões de brasileiros e que gradativamente vem acometendo mais jovens. Diferente das alucinações, geralmente ocorre em pacientes que não recebem tratamento adequado para perda auditiva. Para prevenção é necessário a devida atenção e conscientização sobre os riscos que habitualmente enfrentamos quanto aos ruídos externos de alta intensidade.
Conheça as principais diferenças
Alucinose auditiva
Paciente com crítica (compreende que o som produzido vem do próprio cérebro)
Tendência de ter perda auditiva
Pode ou não ter depressão associada
Profissional Responsável: Otorrinolaringologista e Psicólogo
Alucinação auditiva por esquizofrenia
Falta de crítica (correspondem as ordens das vozes)
Não apresenta perda auditiva necessariamente
Paciente com depressão psicótica
Profissional Responsável: Psiquiatra
SERVIÇO
O GAPZ que presta serviços voluntários nas cidades de São Paulo, Campinas, São José do Rio Preto, Curitiba, Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e em São Luis do Maranhão pode ser considerado um complemento do tratamento de cada paciente e só poderão encontrar ajuda no Grupo aqueles pacientes que possuírem alucinose relacionadas a Zumbido e/ou perda de audição. Os pacientes que apresentam sintomas de esquizofrenia – sem Zumbido ou perda auditiva – devem procurar um especialista na área da psiquiatria e tratamentos individuais para um melhor resultado.