por Roberto Shinyashiki
Viver com alguém que se ama não é somente uma oportunidade de conhecer o outro, mas é também a grande chance de entrar em contato consigo mesmo.
Apenas quando nos vemos é que percebemos o medo de nós mesmos e nos aceitamos como realmente somos. Começamos, então, a nos capacitar para o amor. O amor nos dá coragem para olhar nossos medos e termos a ousadia de enfrentá-los!
Um dia, perguntaram a um grande mestre quem o havia ajudado a atingir a iluminação, e ele respondeu: “Um cachorro”. Os discípulos, surpresos, quiseram saber o que havia acontecido e o mestre contou:
Certa vez, eu estava olhando um cachorro, que parecia sedento e se dirigia a uma poça d’água. Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida. O cachorro, então, fez uma cara de assustado, e a imagem o imitou. Ele fez cara de bravo, e a imagem o arremedou.
Então, ele fugiu de medo e ficou observando, durante longo tempo, a água. Quando a sede aumentou, ele voltou, repetiu todo o ritual e fugiu novamente. Em um dado momento, a sede era tanta que o cachorro não resistiu e correu em direção à água, atirou-se nela e saciou sua sede.
Desde então, percebi que, sempre que eu me aproximava de alguém, via minha imagem refletida, fazia cara de bravo e fugia assustado. E ficava, de longe, sonhando com esse relacionamento que eu queria para mim.
Esse cachorro me ensinou que eu precisava entrar em contato com a minha sede e mergulhar no amor, sem me assuntar com as imagens que eu ficava projetando nos outros.