Amo meu namorado, mas não consigo parar de trai-lo

E-mail enviado por um leitor:

“Bom dia Anette. Li uma resposta sua sobre traição e me senti representado.  Tenho 19 anos e em todos os meus relacionamentos com homens houve traição da minha parte. Sou muito tranquilo e passo uma segurança enorme para meu namorado, mas por impulso, acabo ficando com outros caras. Por exemplo, se tô andando na rua e sinto atração por alguém eu meio que dou um sorriso sem graça e sempre consigo o que quero (chupar eles). Acho homem uma figura muito atraente e adoro fazer sexo oral, mas ao mesmo tempo amo estar com meu namorado e sinto que meu psicológico fica meio bagunçado, já que moramos juntos. Eu não me arrependo de nenhuma das vezes em que o trai, mas queria saber se sou algum tipo de maníaco-depressivo por isso. Desde já agradeço e espero que isso não torne minha imagem suja ou algo do tipo.”

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Resposta: Qualquer tipo de relacionamento sexual consentido pelos envolvidos não pode ser encarado como patológico por si só. Você e seu namorado estão juntos porque querem. Os homens que você consegue seduzir fazem sexo com você porque querem; você afirma que não se arrepende das traições que comete. O que bagunça o seu psicológico é uma espécie de culpa decorrente do não cumprimento da regra de fidelidade vigente em casamentos monogâmicos tradicionais. O que não é seu caso. Assim a primeira questão a ser repensada, seria o que você e seu namorado combinaram ao decidirem morar juntos. E, caso não combinaram, está na hora de repensar o que é aceito e o que não é aceito no casamento de vocês. Para que as regras de outros casamentos não perturbem o que vocês vivenciam juntos.



Homens, em geral, tendem a ter mais do que uma parceria sexual

Homens tendem a ter relações sexuais por impulso; conseguem separar sexo de afeto. No caso da parceria amorosa de um homem com outro homem relações sexuais fora do casamento são bastante comuns. O problema é que casamentos homossexuais aceitos pela sociedade são uma conquista bastante recente e as regras de fidelidade, talvez, não possam ser as mesmas do casamento tradicional. Afinal, nos casamentos monogâmicos heterossexuais, cuja finalidade é a procriação, a fidelidade foi estabelecida como regra para garantir a prole e preservar os bens. Como nos casamentos homossexuais prole não é a questão, essa regra deve ser revista. Assim, cada casal deve, caso tenha maturidade para isso, tentar estabelecer um código de conduta próprio, para que a culpa não seja um motivo para conflitos e separações.

Provavelmente vocês não conversaram sobre isso quando resolveram morar juntos, não é? Assim, o que você entende é que deveria se manter fiel a seu namorado e ele a você. E sofre com isso a ponto de questionar sua sanidade mental.

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Como lidar com isso?

Bem, você pode optar por abrir a questão com seu namorado, caso ache que haja espaço para isso. Seria a melhor solução. Mas jogo aberto não é uma tarefa fácil entre casais. Assim, pense bem e avalie o risco dessa abertura inviabilizar a relação. Caso prefira manter sua vida sexual pessoal como vem fazendo até agora, tente encontrar argumentos que diminuam sua sensação de culpa, faça uma terapia para aceitar-se do jeito que é ou aprender a dominar seus impulsos de forma mais eficaz sem sofrer com isso. Vale a pena avaliar se no seu código de ética pessoal o casamento necessariamente tem que determinar o fim da vida pessoal de cada um; ou se nem tudo tem que ser compartilhado, e cada um tem o direito de vivenciar suas experiências pessoais desde que, é claro, não exponha o parceiro a riscos de saúde ou de imagem.

Caso, em algum momento, seu comportamento compulsivo chegue a atrapalhar sua vida, suas atividades ou seu trabalho, terapia passa a ser a recomendação mais efetiva. Conhecer-se mais a fundo sempre ajuda a melhorar a autoestima, diminuir a culpa e aprimorar as relações sociais e afetivas. Não hesite em buscar esse tipo de ajuda no momento certo.

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Atenção!

Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.