por Gilberto Coutinho
Alvo de diversas e contínuas pesquisas, o ferro (Fe) foi o primeiro oligoelemento ou elemento químico presente em pequeníssima quantidade nos organismos vivos a ser reconhecido como essencial à saúde.
O corpo humano contém de 3 a 5 gramas de ferro, sendo que cerca de 70% encontram-se ligados à hemoglobina (nas hemácias ou eritrócitos, ou, ainda, glóbulos vermelhos) e à mioglobina (proteína das células musculares). Os 30% restantes encontram-se no fígado, baço e medula óssea.
Apenas cerca de 10% do ferro disponível nos alimentos são absorvidos lentamente pelo trato intestinal. Os alimentos de origem vegetal apresentam o ferro não ligado à hemoglobina, enquanto as carnes apresentam ferro proveniente da heme (porção não proteica da hemoglobina, mais bem absorvido, até 30%).
A vitamina C, quando consumida juntamente com o ferro, converte o ferro férrico (Fe³+) em ferroso (Fe²+, natural nos alimentos, apresenta absorção mais facilitada) auxiliando a sua absorção pelo organismo. A absorção do ferro no estômago depende da presença de uma proteína gastroferrina e do ácido clorídrico.
A eliminação de ferro pelo organismo do homem é pequena, enquanto que na mulher, durante o período menstrual, são perdidos até cerca de 40 mg. O ferro não absorvido é eliminado pelas fezes, urina e pela sudorese. Tanto a deficiência (anemia ferropriva) quanto o excesso de ferro (hemossiderose e hemocromatose) podem trazer consequências danosas ao organismo.
O diagnóstico do excesso de Fe é feito pela dosagem de ferritina no sangue, e o tratamento inclui dieta pobre em ferro, exclusão de ferro nos suplementos vitamínicos, doações frequentes de sangue e o uso de desferroxamina e quelador para o combate de seu excesso no organismo. Ferritina acima de 200 mcg/dl é considerada excessiva, podendo originar estresse oxidativo e diversas doenças metabólicas, degenerativas e imunológicas.
A suplementação do ferro deve ser feita de forma cautelosa, apenas nos casos de anemia ferropriva e nas situações onde sua necessidade se encontra aumentada (gravidez, hemorragias, etc.). Os casos subclínicos de deficiência de ferro devem ser combatidos com doses pequenas e acompanhados pelo exame de sangue.
Acredita-se que o vegetariano possa ter deficiência de ferro, mas isso não corresponde à verdade se a alimentação for saudável, diversificada e rica em vitamina C, que auxilia na absorção do ferro (podem ser colocadas algumas gotas de limão na salada e o abacaxi pode ser comido como sobremesa). Os alimentos devem ser bem mastigados antes de serem deglutidos, para que os diversos nutrientes possam ser absorvidos pelo trato intestinal.
A anemia consiste numa diminuição, abaixo dos valores normais, do número de eritrócitos no sangue circulante e/ou do seu conteúdo de hemoglobina (inferior a 13 g por 100 ml no homem e a 11 g por 100 ml na mulher). A anemia pode ter algumas causas: devido à perda excessiva de sangue; devido à destruição de eritrócitos; devido à produção insuficiente de eritrócitos; por deficiência de ferro; por deficiência de vitamina B12; e devido à deficiência de ácido fólico.
Fontes alimentares
Farelo de arroz (riquíssimo em ferro: 107%/100g); farelo de trigo (72%/100g); semente de abóbora (51%/100g); pó da folha de mandioca (42%/100g); fígado 84g (5,3 mg); soja (leguminosa mais rica em ferro); ervilhas, 1 xícara (5,0 mg); broto de alfafa (aproximadamente a mesma concentração de ferro encontrada na carne bovina); lentilha (muito rica em ferro, fibra, Vitaminas B1 e B6, magnésio, potássio, zinco e cobre); maracujá (talvez a fruta mais rica em ferro); pistache (fruto seco mais rico em ferro, potássio, magnésio, fósforo, cálcio e cobre); carne de boi (18%/100g); fubá de moinho de pedra (10%/100g); feijão cozido (8%/100g); batata assada, 1 média (2,8 mg); gérmen de trigo, ¼ xícara (2,5 mg); fava (1,9/100g); espinafre, ½ xícara (1,5 mg); chocolate em pó, 2 colheres (1,5 mg); pão integral, 1 fatia (1,2 mg); brócolis, ½ xícara (0,7 mg); ovos, 1 médio (0,7 mg); queijo, 28 g (0,2 mg); leite, 1 xícara (0,1 mg).
Remédios botânicos
O Taraxacum officinale (Dente-de-leão) contém mais vitaminas, ferro, minerais, proteínas e outros nutrientes do que qualquer outro vegetal. Já a raiz de genciana (Gentiana lutea) demonstrou estimular a digestão aumentando a secreção dos sucos digestivos e enzimas, o que pode contribuir para elevar a absorção de nutrientes necessários para combater a anemia.