por Carminha Levy
No nosso último texto (clique aqui e leia), levantei um grande desafio ao afirmar que todas as doenças provêm de um conflito existente na sua vida e deixei três perguntas para uma reflexão:
1) Qual conflito existente na minha vida que até agora eu não vejo?
2) Que conflito estarei evitando?
3) Que conflito tento fingir que não existe?
Hoje vamos abordar não a doença que mais mata ou que mais faz sofrer e sim uma doença quase que cotidiana e que diz respeito aos “sapos” que temos que engolir – vamos falar da digestão.
A digestão pertence ao elemento terra o que lhe outorga uma dinâmica mais material. Como o elemento terra é mais pesado, a assimilação e a excreção dos nutrientes se refletem como se fosse um peso no estômago ou um intestino paralisado. Ambos podem estar sob o domínio do medo, que surge da captação do que ocorre no nosso entorno.
Temos que levar em conta também o simbolismo dos alimentos (diga-me o que come e te direi quem és). A fome é um simbolismo do desejo de ter e comer é a satisfação do desejo através da ingestão e da satisfação do que nos faz falta.
Por exemplo, pessoas que em geral têm uma grande necessidade por doce estão compensando uma falta de afeto.
Já pessoas que pensam demais e realizam um trabalho intelectual sentem desejo de comida salgadas e bem codimentadas, são pessoas que gostam de desafio mesmo quando eles são de difícil digestão.
O oposto acontece com quem gosta de comer comida sem sal e sem tempero. Essas pessoas evitam as novas impressões e lidam medrosamente com os desafios do caminho, sentindo grande medo diante de toda confrontação.
Agora imagine alguém que tenha tido uma desilusão amorosa e logo após, em depressão, começa a engordar. Por não sair de casa, seus movimentos corporais tornam-se limitados e ela perde a alegria de viver. Geralmente em casos como esse o doente procura tratar da depressão e se não tiver a sorte de encontrar um médico que seja um seguidor da psicossomática ou metafísica da saúde, provavelmente será bombardeado com antidepressivos. Perde-se assim a chance de confrontar a dor por ter sido rejeitado ir embora; perde-se a chance de mergulhar na sua sombra e descobrir as raízes dessa dor lancinante que geralmente está na infância e na relação com a mãe.
Após estas informações didáticas que elucidam os sintomas, vamos examinar qual a nossa postura pessoal em face às somatizações. Temos que nos imbuir de muita compaixão para conosco. Só com muito amor e autoestima elevada podemos confrontar e ver o conflito que existe na nossa vida e que nos levou a adoecer.
Vejamos o caso de quem foi abandonado.
Uma bela maneira de começar a nos ver com os olhos dos outros e ouvir as críticas que nos fazem sem querer rebater e se defender. Não estou sugerindo uma atitude passiva e sim a sabedoria para utilizar as críticas como um caminho que nos leva ao conhecimento da sombra. Geralmente o que é mais difícil de aceitar e que vem da visão do outro sobre nós, esconde um fio de verdade que, quando puxado nos revela um lado escuro atrás de uma cortina negra impenetrável – a nossa sombra.
A partir desta descoberta é possível ver o porque se foi abandonado e passamos de vítimas a vitimizador; quem sabe um excesso de controle e ciúme fizeram com que o outro não suportasse mais e daí o rompimento.
A doença, somatização, estaria portanto abrindo um caminho para deixar de fingir que não existe conflito. Entra-se assim no mecanismo de defesa que o ego ergue para fugir de um confronto do que realmente ocorre. Muitas vezes nós pagamos um alto preço para não sairmos da área de conforto, aquela que nos assegura que vale a pena viver uma vida “sem sal”, desde que não se tenha que ousar ser verdadeiro e ter o direito de ser feliz e permitir que o outro também o seja.
A sugestão para o apaziguamento dos conflitos que nos levam a somatizar, passa portanto pelo reconhecimento das artimanhas da sombra escondida no nosso inconsciente; uma bela dose de compaixão por si próprio ao descobrir a trama que tecemos para nossa vida e, sem medo, ter a audácia de sair da zona de conforto e viver na verdade de quem realmente somos.
Fonte
A Doença Como Caminho
Uma Visão Nova da Cura como Ponto de Mutação em que um Mal se Deixa Transformar em Bem
Thorwald Dethlefsen
Rüdiger Dahlke (Editora Cultrix)