por Alex Botsaris
A prática da hipnose como método terapêutico é muito antiga. Técnicas de induzir sono e transe, tem sido usadas há milhares de anos, na Índia e na China, como parte de tratamentos feitos por médicos tradicionais. Relatos de médicos famosos da Antigüidade, como Avicena e Paracelcius, citam o uso de métodos que se assemelham à hipnose em sua obra.
.Existem ainda outros relatos do uso de técnicas semelhantes no passado, contudo o termo “hipnose” foi criado pelo neurocirurgião irlandês James Braid em 1842. Ele é considerado o pai da hipnose moderna.
Na descrição original de Braid os movimentos repetitivos dos olhos desativavam parte do cérebro expondo os conteúdos profundos, como o dos sonhos ao pesquisador. Essa teoria, entretanto, foi ultrapassada, e ainda não existem explicações definitivas sobre o fenômeno da hipnose.
Por que hipnose deixou de ser uma prática médica?
A hipnose esteve muito em voga na primeira metade do século passado. Mas o avanço da farmacologia e o desenvolvimento de drogas psicoativas, fez o interesse dos médicos por essa técnica praticamente desaparecer. Esquecida, a hipnose passou a ser vista como uma curiosidade do passado sem aplicação na medicina moderna. A maioria dos médicos deixou de considerá-la medicina baseada em evidências, ou seja, aquela que é comprovada pela ciência.
Alguns grupos de pesquisadores, entretanto, seguiram estudando a hipnose e a partir da década de 90 o interesse voltou a aumentar sobre seu potencial terapêutico. Com isso a pesquisa voltou a se intensificar nessa área. Existem, atualmente, mais de 3.500 trabalhos científicos publicados sobre hipnose em revistas médicas. O resultado foi o reconhecimento recente pela medicina que a hipnose é uma arma terapêutica que pode beneficiar portadores de muitas doenças.
Aplicação terapêutica da hipnose nos dias atuais
Segundo vários estudos científicos, já há um consenso universal sobre os benefícios da hipnose: reduz a pressão arterial, reduz os batimentos cardíacos, reduz a freqüência repiratória e ativa o sistema imunológico. A hipnose também infleuncia no limiar da dor assim como na sua interpretação subjetiva, sendo um excelente tratamento para diferentes tipos de dor crônica como dor fantasma e *neuralgia do trigêmeo.
A hipnose encontra ainda utilidade em diversas outras doenças, incluindo doenças inflamatórias do intestivo, arritmias cardíacas por estresse, controle de náuseas e dor no pós-operatório, redução dos efeitos colaterais de quimioterapia, fibromialgia, esquizofrenia, distúrbios do sono, depressão, ansiedade, dependência de drogas, etc.
Com o avanço das técnicas, aquela antiga imagem do paciente olhando para um pêndulo para ser hipnotizado foi abandonada. Hoje em dia, o paciente fica deitado e o estado de transe hipnótico é induzido pela voz do médico associada a técnicas de relaxamento. Uma sessão de hipnose costuma durar entre meia e uma hora e o paciente pode ficar sonolento depois. Mais recentemente o termo hipnoterapia tem sido proposto para designar a hipnose médica.
*Neuralgia do trigêmeo é uma dor muito intensa que ocorre na face (na região inervada pelo nervo trigêmeo) e cuja causa até hoje é desconhecida.