E-mail enviado por uma leitora:
“Olá Anette, tudo bem? Estou passando por um momento bastante delicado… Estou casada há sete anos e entramos numa crise conjugal forte. Ele revelou que há mais de um ano tinha um relacionamento afetivo com minha amiga (que é praticamente da família e casada também). Isso sem contar outras duas amigas com as quais teve uma relação. Fiquei em estado de choque, foi a dor mais terrível que eu poderia ter… Ele me disse o quanto estava sofrendo no nosso casamento. Por muito tempo tive falta de libido, tratava ele mal, entrei em depressão… Foram momentos difíceis para ele também e eu entendo. Enfim, depois de muitas conversas, decidimos ficar juntos, na verdade e no amor. As coisas estão se ajeitando, apesar de eu ter muitas recaídas de tristeza. Conversamos muito agora e ele declarou que sente desejo por outras mulheres ainda, que não entende por que isso acontece. Ele disse inclusive que tem desejo pela professora da nossa filha. É muito difícil ouvir tudo isso, não duvido do amor dele por mim, mas me sinto superinsegura. Como acha que devo lidar? Gostaria de deixá-lo tranquilo para sentir o que quiser para construirmos uma relação pautada na liberdade, mas fico com muito medo, insegura mesmo. Se puder me responder, agradeço! Abraço.”
Resposta: Vocês optaram por viver um relacionamento não convencional. Quer dizer, você aceitou um relacionamento aberto, proposto por ele. E combinaram ser honestos no amor e na verdade. E respeitarem a liberdade do outro.
Viver a verdade e a liberdade no amor é uma proposta interessante e ousada. Mas não podemos dizer que é confortável… a qualquer momento a verdade pode se transformar em uma quebra de vínculo e aí, tudo o que foi combinado pode deixar de existir. Como num passe de mágica!
Você tem consciência disso, por isso sofre. Seu medo é real. Mas foi uma opção. Certamente, a melhor que você pode ter no momento em que seu marido abriu o jogo e fez sua proposta.
Opção de relação aberta deve ser reavaliada de tempos em tempos
Opções, porém, podem mudar… É importante que você reavalie, de tempos em tempos, se essa opção continua sendo boa para você. Vejamos: você afirma que não dúvida do amor dele por você. Você entende que ele a ama mas, ao mesmo tempo, ele não abre mão de ceder ao desejo por outras mulheres. E você não entende por que isso acontece. Talvez, para você, amar signifique sentir desejo por uma pessoa só; talvez é assim que o desejo funcione para você. Mas não para ele! Assim, avalie se você, apesar de se propor a aceitar o desejo do outro, consegue conviver com ele; veja se consegue vê-lo saindo com outras mulheres e você sendo fiel apenas a ele.
O que você permitiria?
Observe também como o desejo funciona para você. Será que ao vê-lo envolver-se com outras mulheres você também ficará tentada a fazer a mesma coisa, envolvendo-se com outros homens? Será que você se permitiria?
Seria importante também você levar em conta que tipo de relacionamento por parte de seu marido você aceitaria. Por exemplo, se os relacionamentos extraconjugais dele começarem a evoluir para envolvimento com pessoas do mesmo sexo? Como você reagiria? Sim, porque quando existe a liberdade consentida pelo casal, tudo pode acontecer…
As reflexões acima servem para ajudá-la a entender como deve lidar com as possíveis situações do relacionamento amoroso que você aceitou.
4 dicas para lidar com uma atitude do seu marido:
Quando você diz que gostaria de deixar seu marido tranquilo para sentir o que quiser…
1ª – deve avaliar a questão não só no presente, mas também no futuro;
2ª – deve avaliar se é possível a conciliação de outros amores na vida dele com a sua necessidade de ser amada;
3ª – deve avaliar se vale tudo para não perder o marido ou o cuidado com suas necessidades pessoais é mais importante;
4ª – deve também ponderar, com sinceridade, se consegue superar a depressão em que costuma cair cada vez que a verdade proposta por vocês a fere.
Enfim, muito a pensar, muito a sentir, muito a entender, muito a enfrentar. A decisão final, porém, é só sua.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.