Da Redação
A sensação de que a vida não vale a pena e de que estamos imersos numa monotonia existencial em que começo, meio e fim se perdem, podem imperar de tal modo que temos a sensação de que própria vida não vale a pena. Esse sentimento, capaz de resultar num perigoso processo depressivo, encontra um antídoto na arte.
Refiro-me a apresentações em que o simbólico tem um papel muito importante como elemento lúdico que abre possibilidades de reinterpretar o cotidiano. Um desses caminhos está nos espetáculos do Cirque du Soleil, especificamente o intitulado ‘Outros Mundos’, transformado em filme por Andrew Adamson, em que o fio condutor dos números circenses é uma busca permanente pela alegria de viver.
Uma moça, entediada com a vida, cruza a linha do trem e entra em um circo. Ali, apaixona-se por um trapezista, que acaba caindo no meio do número. Perseguindo o sonho de encontrar o amado que domina as alturas, começa uma viagem por um mundo de imaginação, em que ocorrem belas cenas de intensa habilidade física e motora.
As habilidades circenses lidam com os quatro elementos (terra, ar, água e fogo) e apontam para a necessidade do equilíbrio emocional para atingir a quintessência, ou seja, a pedra filosofal que permite que este mundo conhecido e os desconhecidos que imaginamos se tornem um só. Se considerarmos, portanto, a vida justamente como um circo de encantamentos, a ameaça de depressão pode partir.
Fonte: Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.