Por Regina Wielenska
Dando sequência ao texto anterior (veja aqui), avanço um pouco mais no tema psicoterapia. Hoje quero discutir as razões que geralmente levam alguém a se consultar com um psicólogo. Será impossível esgotar as possibilidades, tentarei abordar as mais prováveis.
Há os que buscam a psicoterapia alegando que querem se conhecer melhor, descobrir seus conflitos, entender como sua mente funciona. Não é um grupo numericamente expressivo, geralmente corresponde a quem investe muito em desenvolvimento pessoal, tem tempo, recursos financeiros e muita abertura para a jornada do autoconhecimento. Deste diminuto grupo há os que esconderam de si próprios os reais motivos da busca por atendimento psicológico, são aqueles que arranjaram para si próprios um disfarce para entrarem em terapia. Na verdade, sofrem com questões não resolvidas e se deram um empurrão pseudoracional em direção da tão necessária ajuda.
Profissionais e estudantes de profissões ligadas à saúde mental são outra população frequente nos consultórios de psicoterapeutas. Primeiro, são pessoas com problemas relevantes, que valorizam a ajuda profissional para lidarem com suas questões. Em segundo lugar, são pessoas que buscam se conhecer melhor para evitar prejudicar seus clientes caso, inadvertidamente, misturassem seus valores e desejos pessoais com os de cada indivíduo que atendem. A terapia dos terapeutas ajuda a evitar falhas no exercício da prática clínica, aumenta a qualidade das intervenções e seu rigor ético.
Temos ainda um vasto grupo de pessoas que estão em sofrimento intenso, já tentaram dar conta de seus problemas por conta própria ou com ajuda das pessoas ao seu redor e percebem que precisam de uma interlocução profunda, afetiva e precisa, com alguém profissionalmente treinado para prover cuidados clínicos. Há barreiras financeiras para uns, sofrem para arranjar tempo para dedicarem a si próprios na sessão, mas todos desse grupo acabam por encontrar um terapeuta e com ele dão início a um processo transformador.
Alguns vão para a terapia empurrados por terceiros, nem sempre isso vai resultar em coisa boa, alguns fogem para nunca mais voltarem. Fazem parte deste segmento jovens levados à terapia porque os pais assim lhes impuseram, indivíduos que vão por ordem judicial, o cônjuge que vai só para “calar a boca” do marido ou esposa que desejava terapia para o casal em crise etc.
Uma piada meio sem graça questiona quantos psicólogos precisam para trocar uma lâmpada? A resposta diz tudo: apenas um, mas a lâmpada precisa querer ser trocada! Pois então, se você achar que talvez precise de psicoterapia leve sua dúvida pra consulta, exponha seus temores, inquietações, deixe tudo às claras. Quem sabe partindo da hesitação você consiga trilhar uma bela jornada de crescimento…
Uma nota final, nem sempre o primeiro terapeuta será o ideal para você, tal como ocorre quando experimentamos calçados, buscamos um amor correspondido ou um trabalho que nos traga satisfação. Insista na busca, pode valer a pena!