por Alex Botsaris
Dores de cabeça estão entre os problemas mais comuns que seres humanos experimentam em sua vida. Praticamente todas as pessoas vão experimentar um ou mais episódios de dor de cabeça ao longo da vida.
Na imensa maioria, cerca de 95% dos casos, trata-se de um sintoma passageiro ou de episódio eventual de pessoas portadoras das síndromes de cefaleia recorrente, como a enxaqueca.
Em cerca de 1% dos casos, a dor de cabeça é causada por um problema orgânico, ou seja, é secundária a alguma doença. Nesses casos, em geral ela é persistente, não melhora com a medicação usual e pode ser acompanhada de outros sintomas como febre, alterações neurológicas, vertigem, vômitos, etc. Pessoas com cefaleia, cuja evolução gere suspeita de ser orgânica, devem procurar auxílio médico imediato para diagnosticar o problema de base.
Cerca de 4% das pessoas tem os tipos crônicos e recorrentes de cefaleia, chamada de cefaleia crônica diária. Essas pessoas em geral fazem tratamentos pesados, incluindo o uso de vários medicamentos, e os resultados nem sempre são satisfatórios. Existem ainda um grupo, aproximadamente 14% dos adultos, onde os episódios de dores de cabeça são muito frequentes a ponto de interferir em sua qualidade de vida, ainda que não sejam diários. Esses dois grupos podem se beneficiar da medicina complementar.
Por incrível que pareça, até hoje, esse problema tão comum de saúde, continua sem ser bem conhecido, gerando controvérsias na medicina. Ainda se discute todos os fatores envolvidos na gênese da dor, assim como as grandes diferenças individuais na evolução e na resposta aos tratamentos propostos. Na minha modesta experiência, existem muitas variáveis influenciado cada caso, como diferentes gatilhos de dor, padrões de condicionamento/reflexo, e uma combinação de respostas específicas do sistema nervoso autônomo, que geram a grande complexidade de comportamento das dores de cabeça. As metodologias científicas aplicadas pela medicina até o momento não têm capacidade de identificar e entender como se comporta um sistema multifatorial com esse nível de variabilidade e complexidade, motivo que dificulta os avanços da ciência.
Por isso, as medicinas complementares podem gerar resultados surpreendentes em termos de melhora e alívio em pacientes portadores de dores de cabeça crônica, que não conseguem alívio com os medicamentos convencionais. Elas lidam melhor com as características de cada individuo, assim como com o conceito holístico de saúde, onde as pessoas são vistas como um todo, permitindo ajustes sofisticados e específicos que cada caso exige.
Entre as medicinas complementares que na minha experiência podem dar mais resultados, temos várias opções listadas a seguir.
Cada paciente se adapta melhor a um tipo de abordagem, e os casos mais severos, em geral se beneficiam da associação de duas ou três técnicas ao mesmo tempo. A única maneira de descobrir é por tentativas, mas seguir a intuição, seja a do médico ou a do paciente, pode ser um instrumento para encurtar o caminho para a melhor solução.
Acupuntura
A acupuntura é uma das medicinas complementares mais eficazes no combate à dor, e deve ser sempre considerada nesses casos. A acupuntura já conta com mais de 400 publicações cientificas, além de uma enormidade de informações tradicionais, com dezenas de combinações de pontos para os diferentes tipos de cefaleia.
Massagem
Considerando que a medicina já sabe que estímulos vindos de músculos, ligamentos e tendões da cabeça têm uma participação na gênese de alguns tipos de dor de cabeça, em particular, a cefaleia tensional, as diferentes escolas de massagem são outra excelente arma contra essa dor.
Na minha experiência, pessoas como um gatilho de dor na articulação temporo-mandibular (ATM – articulação da mandíbula) ou nas vértebras do pescoço, se beneficiam muito da massagem, seja convencional ou as técnicas orientais.
Homeopatia
Também acompanhei muitos pacientes, em especial os portadores de síndrome da enxaqueca, que tiveram uma resposta excelente à homeopatia. Muitos medicamentos homeopáticos possuem uma *rubrica forte no repertório homeopático (livro que associa os sintomas aos medicamentos) para dores de cabeça; cada um com **características específicas, fatores agravantes e atenuantes, que permitem uma grande individualização de cada caso.
Osteopatia
Costumo ainda indicar a osteopatia(técnica de manipulação de ossos e articulações), em especial a técnica crânio-sacro para casos mais difíceis de tratar. A técnica crânio-sacro é focada em normalizar funções neurológicas e a circulação do líquido céfaloraquidiano (o líquido que fica dentro do cérebro) e do ponto de vista prático tem excelente resultado em muitos tipos de dores de cabeça – clique aqui e leia mais.
Fitoterapia
Na fitoterapia, alguns extratos de plantas medicinais revelaram capacidade de prevenir episódios de dores de cabeça, mais especificamente no caso da síndrome da enxaqueca. O gengibre (Zingiber officinale) possui alguma evidência dessa ação, assim como o tanaceto (Tanacetum parthenium).
Medicina tradicional chinesa
Muitas vezes também utilizo combinações semelhantes às formulas da medicina chinesa, conforme o diagnóstico oriental, de acordo com a resposta de cada caso.
Medicina ayurvédica
Na mesma linha a medicina ayurvédica possui várias fórmulas para os tipos de dores de cabeça, que ela classifica de acordo com os Doshas (biótipo), Vata, Pita e Kapha – clique aqui e leia mais.
*As rubricas do repertório de homeopatia são de três tipos, com a letra normal, em itálico e em negrito. Em negrito é a rubrica forte, que indica que o medicamento tem muita indicação para aquele sintoma. As outras são a média e a fraca.
** Muitos sintomas como os da dor de cabeça ocorrem sempre num mesmo horário do dia. Essas diferenças não são importantes para a alopatia, mas cada medicamento homeopático é ministrado em relação às horas do dia onde a dor ocorre, facilitando a individualização.