por Arlete Gavranic
Muitas mulheres se deixam envolver nas fases de namoro e paixão por atitudes de seus parceiros que elas traduzem por "ciúmes de quem está gostando!"
O problema é que a maioria das mulheres, independente de serem jovens adolescentes ou mulheres de 25, 30 ou 35/40 anos, quando estão carentes de afeto, acabam se deixando envolver e interpretam erroneamente atitudes possessivas de caráter agressivo e discriminatório.
Comportamentos que demonstram potencial tendência à possessividade e à agressividade:
– Criticar ou impedir o uso de shorts, vestidos ou minissaia;
– Criticar ou impedir uso de blusas justas, decotadas ou de cores chamativas;
– Impedir ou proibir de sair com amigas;
– Impedir ou proibir de cumprimentar amigos, vizinhos, primos com beijo e/ou abraço;
– Impedir ou criar dificuldades para frequentar festas, bares ou encontros com amigos de colégio, faculdade, pós-graduação ou do local de trabalho;
– Impedir ou criar dificuldades para que a parceira estude – vá para o colégio, faculdade ou outros cursos;
– Exigir senha de acesso às redes sociais da namorada com discurso que entre casal "não pode haver segredo";
– Querem colocar (ou tentam instalar escondido) nos celulares programas de rastreadores, mas que, no caso dele, quase sempre "está fora de área";
– Exigir que fotos do ex sejam deletadas, jogadas fora.
Se você se enxergar em um relacionamento em que você identificou quatro ou mais desses itens presentes, comece a ficar mais esperta, ligue o neurônio da lucidez e preste atenção: você corre um sério risco de estar entrando ou já estar mergulhada numa relação de violência.
Não vou me estender com a discussão de gênero ou com conceitos feministas. Minha preocupação é que a mulher não se submeta cegamente a relações afetivas destrutivas em nome de um desejo de se sentir querida.
Sei que esses verbos – criticar, impedir, proibir, dificultar – são agressivos, autoritários e, num primeiro momento, muitas mulheres ao ler irão dizer: "mas meu namorado/ficante/parceiro não faz assim", e eu acredito que não seja mesmo!
Processo de dominação começa em tom apaixonante
No início dos relacionamentos as falas são sedutoras, podem ter tom cuidadoso ou de alguém inseguro com receio de se sentir ameaçado por outros homens, ou que ama/deseja muito e não quer "perder a cabeça". É nesse tom quase apaixonante que começa o processo de dominação, aí depois de algum tempo, as demonstrações vão se tornando mais frias ou irritadiças, chegando a quadros de muito controle e possessividade, que sempre esbarram na violência moral e até física.
Viver uma paixão ou um grande amor pode ser delicioso e faz parte dos desejos femininos sempre, mas perder a individualidade (só você deve saber suas senhas), sem ter que para isso abandonar relacionamentos sociais ou gostos pessoais.
Me preocupa ver adolescentes achando lindo esses controles, mulheres se sentindo encantadas com "tamanha demonstração de atenção e cuidado".
A carência afetiva de muitas mulheres as tornam cegas para relações de submissão e de violência.
Pense bem, e se puder, evite relacionamentos que irão trazer muitos prejuízos à sua autoestima e sua integridade física, moral e psicológica.