por Regina Wielenska
Andando pela cidade de São Paulo, basta um pingo de atenção para notar na prática que o mar não está pra peixe. Uma quantidade imensa de imóveis desocupados, taxa crescente de desemprego em muitos setores, comércios fechando, restaurantes com cardápios promocionais tentando resgatar a clientela perdida. Estes são apenas alguns exemplos.
Por outro lado, não consigo entender (não venham me dizer que me esqueci da lei da oferta e da procura) como o estacionamento de 17 reais a diária passou para 30 de um dia para outro. Num shopping, na semana passada, um churro com doce de leite custava nove reais. Tenham piedade, é muito dinheiro, e duro de ganhar, para uma guloseima. O churro custa demais ou eu perdi meu poder de compra? Ambas as hipóteses devem ser verdade e se complementam durante a crise.
O que proporei a seguir provavelmente não se aplica a quem, infelizmente, está sem renda alguma e aguarda a ordem de despejo ou aqueles que estão com a despensa zerada e absolutamente inadimplentes com os fornecedores de água, luz, telefone e por aí vai. Mas há um segmento grande de pessoas que ainda mantiveram suas casas e conseguem pagar as contas, mas cujo lazer ou o luxinho aos quais estavam acostumados não mais é possível. As idas à padaria-gourmet maravilhosa podem virar experiências de panificação caseira. Crianças adorariam amassar pão e vê-lo se transformar numa delícia quentinha.
A minha geração, a daqueles que certamente já passaram da metade da vida, sabia se divertir com jogos de tabuleiro como War, Ludo, Gamão, Xadrez. Stop e mímica eram excelentes opções.
Um sarau entre amigos (para acompanhar, cada um leva sua bebida e um prato pra desfrute de todos) pode bem unir as pessoas em meio a poemas e apresentações musicais. Jantares coletivos, um oferece a casa e os convidados compões o cardápio certamente trariam prazer aos convivas, em especial se a prosa for boa. As grandes cidades sempre possuem opções gratuitas de lazer desportivo ou cultural gratuito.
As pessoas precisam se acostumar a acompanhar as programações disponíveis. Lembro-me de uma amiga que cortava seu cabelo numa escola de cabelereiro. Dizia ela que o olhar do professor impedia estragos irreparáveis e que usando desse serviço ela gastava menos de 50% de um serviço de salão normal.
Para quem perdeu um tanto, mas ainda tem comida na mesa consigo, então, ver caminhos. Duro é a situação dos menos, ou nada, favorecidos. A solidariedade real, com zelo e respeito por quem for assistido, precisa ser exercida, ou a barbárie se instala. Desespero, frustração e raiva são péssimos elementos, e eles se fortalecem nas situações de desamparo e de injustiça social.
O que podemos, então fazer?