por Ricardo Arida
O declínio cognitivo em pessoas acima de 65 anos tem sido um grande problema de saúde pública.
Como consequência do aumento da população idosa no mundo, o número de idosos com demência tem aumentado substancialmente (1).
Vários estudos têm salientado o alto custo para os cuidados de pessoas nessa condição. Por exemplo, em 2000, a demência foi considerada como o terceiro maior custo na área de saúde nos EUA. Outro estudo calculou um custo annual de 28 mil euros por paciente (2). Nesse sentido, além do tratamento farmacológico, outras terapias para reduzir o declínio cognitivo podem ajudar na redução nos gastos de saúde pública.
Como mostrado em textos anteriores, existem muitas evidências enfatizando a importância de estratégias como a atividade física regular para melhorar a função cognitiva. Por exemplo, estudos epidemiológicos mostram uma correlação positiva entre atividade física e cognição. Estes resultados positivos são observados em crianças, adolescentes, idosos sem demência e em idosos em estágios iniciais de demência. Ainda, os estudos indicam que a melhora na função cognitiva está associada a alterações em várias estruturas cerebrais como o córtex pré-frontal e o hipocampo (área relacionada a memória e aprendizagem). Nesse sentido, algumas pesquisas mostraram que pessoas idosas que praticam atividade física regular apresentam um aumento do volume do hipocampo (4). São essas áreas em particular, que são afetadas por muitas subtipos de demências como a doença de Alzheimer.
Além dos benefícios do exercício físico sobre a saúde mental e redução dos efeitos deletérios do envelhecimento na cognição, o exercício físico, quando praticado de forma regular, promove a melhora da função dos vários sistemas de nosso organismo como a saúde cardiovascular, musculoesquelética, etc.
Como salientado no texto Inatividade física é um dos maiores problemas de saúde pública; indica estudo – (clique aqui e leia), e muito bem abordado em revista científica, a inatividade física é o maior problema de saúde pública do século XXI (5).
Mesmo sabendo que a atividade física regular exerce um efeito menor e incomparável na função cognitiva quando comparado com o tratamento farmacológico, o exercício físico como coadjuvante desse tratamento pode minimizar os gastos públicos, levando em consideração o baixo custo de aplicação de programas de atividade física para a população.
1- Brookmeyer R et al. Forecasting the global burden of Alzheimer’s disease. Alzheimers Dement 2007; 3:186- 91.
2- Jönsson L, Wimo A. The cost of dementia in Europe: a review of the evidence, and methodological considerations. Pharmacoeconomics 2009;27:391-403 .
3- Baker LD et al. Effects of aerobic exercise on mild cognitive impairment: a controlled trial. Arch Neurol 2010;67:71- 9.
4- Erickson K.I. et al. Aerobic fitness is associated with hippocampal volume in elderly humans. Hippocampus 2009;19:1030-1039.
5- Blair SN. Physical inactivity: the biggest public health problem of the 21st century. Br J Sports Med 2009;43:1-2.