por Nuno Cobra
O lazer em casa impulsionado por redes sociais, videogame, TV paga, falta de espaço físico para as crianças brincar e a violência urbana tiraram-nas de seu habitat natural, ou seja, do movimento. Foi um crescimento tecnológico tão rápido que realizou o impossível: torná-las sedentárias.
Correr, saltar, brincar, subir em árvore… é algo inerente e imprescindível até mesmo na sua formação intelectual, mas hoje vemos o aparecimento de crianças ainda pequenas, em função do sedentarismo, já com obesidade.
Inércia e dieta
De um lado temos a inércia fazendo com que a criança não produza mais nenhum tipo de gasto calórico, e de outro, a alimentação industrializada que provoca no organismo uma disfunção metabólica. Muita gordura e carboidrato artificial, é isso que faz as pessoas engordarem. São sanduíches e guloseimas regados a molhos e maionese. Com tudo isso, há uma grande absorção de carboidratos em poucas horas, mas se viessem de alimentos completos, levariam bem mais tempo para serem absorvidos. O resultado é a deformidade do corpo ainda em tenra idade.
Antigamente, 30 ou 40 anos atrás, se comia só arroz, feijão, legumes, verduras, carne, mandioca, batata, castanha do Pará, nozes, avelã, azeite de oliva… o que era mais saudável. Hoje temos menos consumo in natura, mas ao contrário, o consumo do subproduto do subproduto.
Além do mais, ainda se impõe à criança uma agenda estressada, o chamado estresse infantil. Uma atitude de querer torná-las adultas antes do tempo. Com tanta exigência e solicitação, elas recebem uma carga de estímulos fora do comum, criando todo esse desequilíbrio, tornando-as também hiperativas.
Fiquei estarrecido ao ler revistas especializadas informando que é muito comum o uso de pílulas para controlar toda essa excitabilidadade, uma vez que esses comprimidos deveriam ser usados em condições específicas em sala de aula. Mas são usados também nas férias para que os pais tenham mais sossego.
O que fazer com as crianças?
O espaço mental da criança precisa ser respeitado, ela tem que ser respeitada no território dela. Infelizmente a criança não pode mais sujar, pular, cair e errar.
Deixe a criança trabalhar o seu corpo de forma lúdica e natural: pular, correr, saltar… Enfim, expandir a sua energia, canalizar a sua agressividade.
Se o seu filho já estiver obeso, busque uma reeducação alimentar. Dê uma dieta mais saudável, retire esses alimentos agressivos e acima de tudo coloque neles, por todos os meios, o movimento animado natural e constante.
Criança tem que fazer jogos lúdicos, brincadeira sem competição, pois ela não está na idade de competir, senão jogo vira esporte. Jogar bola e não fazer esporte, porque muita regra só atrapalha e a exigência de vencer mais ainda.
Basta se lembrar de como nos movimentávamos naturalmente quando éramos crianças. O movimento vinha de forma lúdica e natural. Programa detalhado ou regrado de atividade física é coisa para os adultos.