por Ricardo Arida
Crianças com níveis baixos de atividade física apresentam maiores chances de desenvolver doenças cardiovasculares, obesidade, artrite, diabetes e outras doenças relacionadas ao sedentarismo observadas em adultos.
A epilepsia é uma das mais comuns doenças neurológicas em crianças, afetando aproximadamente 1 % da população pediátrica. A atividade física tem mostrado grandes benefícios fisiológicos e psicológicos em pessoas com epilepsia.
Entretanto, muitos profissionais da área de saúde contra-indicam a prática de exercícios físicos ou atividades esportivas para as crianças com epilepsia por acharem que o exercício físico possa desencadear crises epilépticas ou lesões durante a prática dos exercícios físicos.
Assim, o estigma e o preconceito da epilepsia diminuem ainda mais o incentivo para as crianças na participação de atividades esportivas.
Um estudo realizado por Judy Wong e Elaine Wirrell *, pesquisadores da Universidade de Alberta e Universidade de Calgar, Canadá demonstrou resultados muito interessantes em relação aos hábitos de atividade física entre irmãos com epilepsia.
Neste estudo, foi comparado o nível de atividade física de crianças com epilepsia em relação aos seus irmãos sem epilepsia. Verificou-se que as crianças com epilepsia eram menos ativas fisicamente, com menor participação em atividades esportivas que seus irmãos sem epilepsia. Além disso, as crianças com epilepsia apresentavam índice de massa corporal maior, isto é, eram mais obesas.
A falta da participação em atividades esportivas neste grupo de crianças pode refletir um maior isolamento social, o que é comum nesta população específica.
Neste sentido, parece que os pais estimulam os filhos sem epilepsia a praticarem exercícios físicos e mostram uma atitude de superproteção em relação aos outros filhos com epilepsia, fazendo com esses evitem a prática esportiva.
Apesar da maioria dos esportes ser seguro para pessoas com epilepsia, algumas atividades necessitam de supervisão, como esportes aquáticos e esportes em altitudes. Detalhes das atividades esportivas recomendadas e contra-indicadas para pessoas com epilepsia foram mostradas em matérias anteriores sobre epilepsia e exercício físico.
Desta forma, é importante encorajar e orientar os pais dos efeitos positivos do exercício físico no desenvolvimento físico e psicológico das crianças com epilepsia.
*Judy Wong and Elaine Wirrell. Physical Activity in Children/Teens with Epilepsy Compared with That in Their Siblings without Epilepsy. Epilepsia, 47(3):631–639, 2006.