por Ricardo Arida
Os transtornos de ansiedade constituem um importante problema de saúde pública.
A atividade física tem sido considerada uma boa estratégia como tratamento complementar para a redução da ansiedade.
Estudos epidemiológicos demonstram que atividade física regular por um período de três meses pode diminuir a gravidade dos sintomas de ansiedade e depressão, reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, como por exemplo Alzheimer, Parkinson, Epilepsia e melhorar as funções cognitivas. O efeito da atividade varia para cada indivíduo e pela gravidade dos sintomas, mas em muitas pessoas esse efeito pode ser observado até antes de três meses.
Os efeitos ansiolíticos e antidepressivos do exercício dependem da duração, forma e intensidade do exercício. Portanto, mais pesquisas são necessárias para melhor elucidar os efeitos do exercício físico sobre esses comportamentos emocionais.
Enquanto evidências mostram que o exercício físico promove a saúde do cérebro, pouco se sabe como a redução da atividade física, após exercício físico regular, afeta seu funcionamento. Portanto, a partir de uma perspectiva diferente, podemos compreender como a interrupção da atividade física pode afetar esses comportamentos emocionais e consequentemente as funções cerebrais.
Um estudo publicado recentemente, investigou se a interrupção da atividade física altera comportamentos de ansiedade e depressão, assim como seu impacto na formação de novos neurônios em ratos (1).
Animais foram submetidos à corrida em roda por oito semanas e avaliados depois de oito semanas da interrupção do treinamento físico. O estudo mostrou que a interrupção do exercício por oito semanas aumentou o comportamento de ansiedade dos ratos quando comparados com animais que continuaram a treinar. Além disso, a interrupção prolongada do exercício diminuiu a sobrevivência celular do hipocampo para níveis equivalentes de rato sedentários.
Os achados desse estudo, juntamente com os de estudos anteriores da literatura demonstrando os efeitos ansiolíticos e antidepressivos do exercício, reforçam a noção de que os comportamentos emocionais em roedores são dependentes de atividade.
Portanto, a atividade física exerce um papel importante para alcançar estados emocionais positivos e sua redução pode contribuir para um maior risco desses transtornos.
1- Nishijima T, Llorens-Martín M, Tejeda GS, Inoue K, Yamamura Y, Soya H, Trejo JL, Torres-Alemán I. Cessation of voluntary wheel running increases anxiety-like behavior and impairs adult hippocampal neurogenesis in mice. Behav Brain Res. 2013;245C:34-41.