Até certo ponto o autoconhecimento pode ser treinado, mas isso tem um limite; entenda por quê
E-mail enviado por uma leitora:
”Numa visão simples e objetiva autoconhecimento seria você reconhecer seus pontos fortes e fracos (gaps) e saber até onde vai os seus limites. Isso pode ser treinado? Uma pessoa pode fazer isso sozinha? Obrigada”
Resposta: Honestamente? Como profissional do desenvolvimento humano há 20 anos, penso que “estudar a si mesmo por conta própria” tem um limite; quando estamos, por exemplo, frente a um Psicólogo, que estudou/estuda a ciência do comportamento humano, conhece as técnicas e a forma de lidar com o outro, seguramente se vai mais longe.
Não é impossível buscar autoconhecimento por si só, mas, talvez junto de quem tem a técnica, a isenção e a experiência adequadas, isso ocorra de maneira mais profunda.
Vale lembrar que autoconhecimento é algo que se pratica a vida toda, não é aquilo que fazemos por curto espaço de tempo e pronto, estamos superpreparados para a vida, conhecendo tudo sobre nós mesmos, mas sim, algo que vai sendo “acumulado” e construído, conforme nós também mudamos e vamos nos adaptando ao que acontecer ao redor, sobre como respondemos a cada estímulo.
“Deixa a vida me levar” e outras crenças
No geral, as pessoas vão passando pela vida simplesmente, sem muito pensar, somente sobrevivendo. Ainda que angustiadas, pensam que “a vida é assim mesmo”, “não dá para ser feliz”, “o problema é o outro”, “este mundo é assim mesmo”, “trabalhar é ruim”, “casar pior ainda”, e outras afirmações limitantes.
Pensando por exemplo, numa entrevista de emprego, o autoconhecimento se apresenta quando o Recrutador pergunta, de uma maneira mais ou menos “legal”, mais ou menos atualizada, mais ou menos útil, em um ou outro contexto: “o que você pode melhorar em si mesmo”?
Não pense aqui como a necessidade de entender os seus “defeitos”, não se trata disso – seria muito raso e espero que o Recrutador esteja bem preparado para o processo – mas sim de conhecer suas limitações e saber como trabalhar com elas.
Aqui, o objetivo é saber se você se conhece, se sabe em que precisa investir e quais recursos emocionais está usando para “resolver” estas questões. O interesse é por conhecer um pouco da sua personalidade, forma de comportamento, sobre como lida com as questões e até mesmo com as suas próprias limitações.
Esta problemática, infelizmente, não fica somente restrita às entrevistas. E digo infelizmente porque o desconhecimento de si mesmo afeta inúmeras questões da vida: a escolha da profissão, mudar de cidade, país, parceiro, empresa, empreender.
Se a pessoa não sabe de si, invariavelmente se contentará com o que tudo o que está em volta, sem muito critério, acreditando que não é responsável por suas escolhas e, pior ainda, mesmo que incomodada, não conseguirá entender qual o caminho e até mesmo qual a verdadeira fonte do incômodo. E, sem conhecê-lo, como mudar?
Então, como resolver tudo isso, Luciane?
Bom, o primeiro passo é usar de todos os recursos possíveis para se conhecer, desde os pagos aos gratuitos, conversar com amigos e pessoas que sejam próximas e que tenham conhecimento para citar seus pontos fortes e a desenvolver.
Pedir feedback de líderes, colegas de trabalho, ex-líderes, ex-colegas de trabalho, fazer listas de coisas que gosta e não gosta, de experiências que teve e gostou ou não (e os motivos), meditar sobre os momentos mais e menos felizes e qual seu papel neles, refletir sobre as situações em que esteve plenamente consciente de que alguma atividade lhe trazia satisfação.
Você pode também buscar coaching, consultoria, meditação e tudo o que possa lhe ajudar a se conhecer melhor, saber quem você é e quais caminhos deseja abandonar.
As pessoas que conheci que menos tinham dificuldade em responder a esta pergunta, sempre eram aquelas mais seguras de si mesmas, tranquilas com suas competências, com suas falhas e dificuldades e aquelas que mais “se perdoaram” nas mancadas que deram na vida, eram aquelas que melhor falavam de si mesmas e que passaram a vida realizando atividades para se conhecerem e serem pessoas mais próximas do ideal que desejam.
Busque todos os recursos possíveis e encare o desafio do autoconhecimento
Essas pessoas eram, portanto, aquelas que buscaram interna e externamente recursos para se conhecerem melhor! Não passaram simplesmente pela vida aceitando o que recebiam, mas antes, tinham real consciência de suas escolhas e possibilidades.
Elas não são diferentes de você em características e capacidades, acredite, da mesma forma você tem possibilidade de começar agora a se conhecer melhor!
Garanto que não é um processo que terá apenas alegrias, pode ser doloroso em alguns momentos, mas é o melhor que você pode fazer por si mesma para ter uma vida mais integral, vivida em sua potencialidade e verdadeiramente rica em resultados.
Experimente!
Sucesso!