por Patrícia Gebrim
Andamos exigentes demais. Moldados por esse ritmo alucinado em que somos jogados desde cedo, somos educados para competir e chegar sempre em primeiro lugar. Somos incentivados a ter que nos aprimorar mais e mais. Cursos, pós-graduações, MBAs, falar várias línguas, estágios, e por aí vai.
Nos lançamos numa espécie de corrida, e se não formos cuidadosos, corremos o risco de deixar nossa alma pelo caminho.
Não somos robôs. A técnica tem sua importância, mas há que se ter espaço para a sensibilidade, para as pequenas delicadezas da vida, para as trocas, para o amor.
O mundo não precisa da nossa perfeição. Queremos ser tão absolutamente perfeitos que acabamos aprisionados por nossas exigências, virando bolor em calabouços escuros, enquanto lá fora o mundo se constela numa imperfeita dança de vida plena de beleza.
Queremos o parceiro perfeito, e acabamos por deixar ir de nossas vidas gente que se vestia de verdade, pronta para nos envolver na sutil delicadeza de um abraço de amor.
Queremos o amigo perfeito, mas nos armamos em exigências e acabamos por afastar o afeto de quem tanto nos queria bem.
Queremos o jantar perfeito e dormimos com fome porque o grelhado passou do ponto.
Queremos a fala perfeita e engasgamos com as palavras não ditas acumuladas em nossa garganta, seca e dolorida por tanto se calar.
Queremos a vida perfeita e rejeitamos a única vida que tínhamos, a vida possível, deixando-a escorrer por entre nossos dedos trêmulos, em busca de um tempo que passa e não volta mais.
Repito.
O mundo não precisa da sua perfeição.
O mundo precisa, isso sim, da sua expressão.
Expresse seu ser.
Você é belo quando é simplesmente você.
A beleza não precisa de perfeição para nos tocar a alma.