por Renato Miranda
A goleada da Alemanha sobre o Brasil por 7×1 na Copa do Mundo de 2014 refletirá por muito tempo sobre o esporte brasileiro. Não só no futebol.
Um desses reflexos é a respeito do aprendizado esportivo como instrumento de desenvolvimento pessoal. Um desenvolvimento que ultrapassa a barreira do desempenho esportivo para um viver melhor com saúde. Nesse sentido falo especialmente do esporte infanto-juvenil.
Atrair as crianças para o aprendizado esportivo, não é apenas um caminho para aqueles que desejam ser atletas, é isso também, mas, sobretudo, atrair para forjar um estilo saudável para toda vida.
Formar um praticante de esporte amador – que irá usufruir do prazer do jogo por muitos anos, ou um atleta profissional é tarefa que se inicia de modos bem parecidos: Normalmente como um aprendizado em forma de diversão!
No entanto, é preciso que o aprendizado esportivo tenha conteúdo significativo que favoreça o desenvolvimento psicomotor do (a) jovem através das mais variadas possibilidades de desempenho.
Não são raros setores de educação física a divulgar que o desempenho e melhoria da técnica são objetivos menores. Esta frase para mim é ambígua, pois qualquer outro objetivo é quase impossível de ser atingido quando não se investe no desempenho.
Desconfio também que negar a importância da técnica e do desempenho, gera uma formação ruim de nossos futuros atletas e prejudica o futuro adulto vir a ser saudável, pois ao negar a importância da técnica e do desempenho, esse futuro adulto não saberá praticar nenhum esporte satisfatoriamente. Lembre-se, a motivação para o exercício físico é facilitada quando a pessoa teve ou tem algum esporte como vivência.
Por outro lado, há o desejo intrínseco (inconsciente) do jovem de expandir sua energia física e psíquica e por isso quase sempre crianças estão disponíveis a aprender algum esporte. Assim sendo, como deveria ser o conteúdo esportivo para um ótimo aprendizado, independentemente do esporte?
A seguir proponho algumas diretrizes.
Primeiramente refletir sobre os seguintes OBJETIVOS GERAIS:
A) Estimular a criança a desenvolver habilidades gerais a fim de providenciar a autorrealização e a capacidade de reagir frente aos desafios motores e psicológicos do esporte (capacidade reativa).
Observe que a medida básica para se atingir esse objetivo é o bom ensino da técnica e a consequente autoavaliação da criança de que ela é capaz. A percepção da capacidade de realizar é determinante para a eficácia de cumprir uma tarefa e/ou enfrentar um desafio qualquer.
Além disso, outro objetivo é o desenvolvimento cognitivo para favorecer a compreensão da melhor maneira de atuação frente às diversas possibilidades e situações da disputa esportiva. Decorre que o desenvolvimento cognitivo não se limitará ao esporte em si, mas também na maneira de pensar e agir conscientemente.
B) Aprender a importância e obter saúde é um valor para toda vida já que a saúde não é compulsória. É preciso desde criança descobrir sua importância como pré-requisito básico para se desenvolver, como obter e manter a saúde para usufruir o bem viver.
O bom aprendizado do esporte preserva o objetivo geral da boa saúde. Ou seja, a despeito do esporte praticado os componentes; físico (condicionamento físico e habilidades), mental (cognição), emocional (harmonia da excitação nervosa), e social (convívio em grupo e valores positivos), quando permeiam a vivência do mesmo valoriza a atividade e consagra aquilo que se designou denominar desenvolvimento integral.
No próximo texto, explico como os objetivos específicos podem modelar a motivação do (a) jovem para a prática esportiva e como a busca desses objetivos é fundamental para que o que está escrito acima (objetivos gerais) não se torne apenas um discurso teórico, ou pior: vazio!