por Renato Miranda
A humanidade aumentou sua expectativa de vida nas últimas décadas.
O desafio atual das pessoas é dar qualidade de vida há esses anos conquistados pela evolução da sociedade em diversos segmentos, sendo a medicina um dos melhores exemplos dessa evolução.
O conceito de saúde do ser humano deixou de ser considerado há muito tempo como a ausência de doenças. As condições sociais, psicológicas e físicas são em seu conjunto a base daquilo que chamamos de saúde.
A manifestação esportiva através de sua prática traz ao homem desde criança uma possibilidade ilimitada de desenvolvimento pessoal e de saúde a contemplar tanto aquilo que se destina aos aspectos sociais como a interação, respeito, convivência etc. Outros benefícios da atividade esportiva se relacionam aos aspectos emocionais, mentais e físicos propriamente ditos como bem-estar, relaxamento, melhoria da concentração, desenvolvimento da força, resistência, prevenção de doenças etc..
Ao considerar que desde a infância uma pessoa pode aprender a praticar alguma modalidade esportiva, é consequência natural que anos mais tarde, independentemente se a mesma é praticante amadora ou profissional, haverá uma interrupção permanente de determinada prática esportiva.
Não deveria ser assim, nos estudos de motivação no esporte é possível observar que pessoas podem praticar um mesmo esporte com alto grau de motivação em intensidade e objetivos diferentes. É plenamente possível usufruir do esporte em suas várias dimensões (social, física e psicológica), de modo diferente.
Um profissional do esporte, por exemplo, pode perfeitamente após sua aposentadoria, praticar o mesmo esporte em uma intensidade infinitamente menor, com objetivos diversos, principalmente para manter a boa saúde ou forma física.
Por outro lado, é uma oportuna possibilidade de aprender a praticar outro esporte e exercitá-lo em um nível que favoreça sua saúde e lazer sem necessidade de desempenhos protocolares ou mais sérios.
Se lesões permanentes ou outro impedimento físico qualquer servirem de obstáculo para a prática esportiva, poderá haver outra possibilidade esportiva ao alcance. A cada dia surge uma nova modalidade ou adaptação esportiva que facilita nosso envolvimento com o esporte.
Conheço caso de praticantes de futebol society ou futebol de sete, que conseguem se organizar de forma que em seus campeonatos voltados ao lazer, jovens de 20 anos ou menos, dividam o mesmo espaço com outros adultos de 40 anos, senhores de 60 anos e até mais. Desenvolveram uma tecnologia própria de vivência esportiva que os limites físicos da idade são perfeitamente harmonizados nos jogos.
A cultura da prática de esporte não deveria ser restrita aos jovens e adultos jovens. Se por volta dos 35 anos a pessoa parar de praticar esporte e ao projetar a expectativa do ser humano em torno de 71 anos (considerando homens e mulheres), veremos que essa mesma pessoa passará algumas décadas de sua vida fora da prática esportiva.
Podemos supor que o exercício físico pode substituir os benefícios da prática de esporte. Porém, sou de opinião que a combinação de exercício físico e prática esportiva causa um impacto muito mais desejado, principalmente no aspecto psicológicos e sociais.
Imaginemos como deve ser gratificante para um ex-atleta, por volta dos 60 anos de idade poder praticar, dentro de seus limites, e servir de exemplo para os mais jovens e ao mesmo tempo vivenciar emoções, relações sociais e usufruir de um ambiente que só o esporte pode proporcionar, recheado de intensidade emocional, relacionamento humano e diversão.
Em observação aos limites físicos e possíveis adaptações creio haver amplas oportunidades no esporte, mesmo com algumas restrições de treinamento e preparação que o esporte formal exige. Óbvio que chegará um momento que músculos, ossos e outros órgãos impedirão por completo a prática do esporte.
Mas quando será essa hora?
Depende de cada um, quanto mais esforço de manter a alegria do esporte mais longeva será a vida e mais tempo para praticar esporte.
Praticar esporte a vida toda … Poderemos dizer que não, mas praticar até quando der, por que não?