Por Karina Simões
Ansiedade é um dos temas mais procurados em meu consultório. Uma preocupação constante com o futuro, pensamentos acelerados que parecem fazer o cérebro não parar e ter uma sensação de nunca desligar-se caracterizam a ansiedade. São relatos como esses que escutamos na clínica todos os dias, ou recebemos mensagens nos pedindo ajuda nas redes socais revelando a velha conhecida:
– Dra., sofro de ansiedade. Ajude-me.
A ansiedade faz parte do nosso viver. Costumo dizer que só encontramos “ansiedade zero” no cemitério, isto é, depois de morto. Assim sentir-se ansioso faz parte do sentir-se vivo. Afinal, sem a ansiedade, a pessoa fica mais distraída e não se dá conta até das situações perigosas que possam vir. Porém, existe uma ansiedade que extrapola pontos de equilíbrio e tira o indivíduo do seu eixo, fazendo com que ele se sinta inseguro, frágil e doente. Essa ansiedade é a patológica.
Deslocar a mente constantemente para o futuro com pensamentos e preocupações sobre o que possa ainda ocorrer e de forma acelerada com sintomas, muitas vezes, somáticos como: taquicardia, sudorese, insônia, sensação de falta de ar, tremores, tontura, entre outros, faz com que surja a tentativa de controle por parte da pessoa ansiosa, para que assim não “perca o suposto autocontrole”. Assim, para identificarmos a diferença entre a ansiedade normal e a patológica, ou seja, os transtornos de ansiedade, fiquemos atentos à frequência e à intensidade com que os sintomas aparecem, sempre lembrando que esses podem variar de pessoa para pessoa. Para compreendermos melhor: a postura diante do inesperado e do futuro é que diferencia os tipos de reação que a pessoa apresentará.
A tecnologia chegou para melhorar muitas coisas nas nossas vidas, mas não podemos negar que os avanços da modernidade podem e estão agravando as crises de ansiedade. Com isso, as pessoas têm passado muito mais tempo conectadas e recebendo informações 24 horas por dia. Desse modo, o cérebro não tem tido descanso suficiente e é acometido pelos pensamentos acelerados, acostumando mais ainda as pessoas a terem respostas cada vez mais rápidas. A interferência comum dessa tecnologia no comportamento é percebida, hoje, na prática clinica, quando temos recebido cada vez mais pessoas que sofrem e se sentem ansiosas devido às suas redes sociais, por exemplo. Relatam que não se sentem satisfeitas pelo número de curtidas ou porque sentem necessidade de “vigiar” os outros ou a si própria pela rede social.
Fica claro e simples de entender que toda essa modernidade tem ajudado muito e contribuído com a ciência do comportamento e com a neuropsicologia, mas também não podemos negar que esse avanço tecnológico acelera os quadros de ansiedade e tem tido um efeito dominó no equilíbrio emocional das pessoas. O nosso grande desafio é estudar mais e mais e encontrarmos sempre um contraponto e um equilíbrio entre o uso da tecnologia e o bem-estar emocional das pessoas.
Que possamos encontrar na tecnologia uma presença “ansiogênica” positiva para todos nós!