por Karina Simões
Dependendo das crenças socioculturais, a mulher pode sentir a partir dos 30 anos, uma insatisfação por estar sozinha na vida afetiva. Essa insatisfação é gerada por uma pressão feita por ela mesma, pela sociedade e pela família.
Essa mulher começa a sentir uma inquietação cognitiva. Ou seja, é acometida por um turbilhão de pensamentos distorcidos, que trazem angústia afetiva e insatisfação por estar sozinha ainda. Nesse contexto, entra a mulher economicamente independente, que se mostra altiva e bem resolvida, mesmo estando “sozinha” afetivamente.
Hoje esse cenário tem se tornado cada vez mais mais comum: mulheres solteiras, balzaquianas – como eram rotuladas anteriormente – porém, com a situação profissional deslanchada. São empresárias, executivas, médicas, juízas, etc.
Esse novo perfil de mulher tem conquistado cada vez mais o espaço no mercado de trabalho, anteriormente dominado apenas por homens. Assim, ela vem ocupando cargos e conquistando salários mais altos do que aquela que supostamente têm a preocupação em cuidar primordialmente da área afetiva. Não faço aqui nenhuma apologia a negligenciar a área afetiva em detrimento da profissional. Longe disso.
Apenas exponho uma situação real ganha que espaço no universo feminino, onde percebemos mulheres com menos relacionamentos afetivos conseguindo se destacar mais no âmbito profissional. Não tendo a preocupação central em ter que zelar ou manter uma relação estável, elas se voltam completamente para a carreira.
Segundo o último censo do IBGE (2010), quase 40% dos domicílios têm mulheres no comando financeiro da casa. Há dez anos, esse percentual era de 24%. Isso se justifica pelo aumento da escolaridade e maior participação feminina no mercado de trabalho.
Costumo afirmar que a mulher aprendeu a buscar a independência financeira, a avançar na carreira profissional conquistando melhores salários, mais cultura e educação sexual. No entanto, ainda existe um erro comum frequentemente cometido por uma grande maioria: estar à espera de um amor à moda antiga. Refiro-me ao estereótipo do homem cavalheiro, homem romântico ao extremo e sentimental. Porém, isso gera frustração e muitas vezes confusão emocional na mente feminina. Explico: por mais que tenhamos dado um grande salto no âmbito econômico e profissional, ainda temos que evoluir afetivamente junto e em relação ao homem. Ou seja, nós mulheres, precisamos aprender a ter mais flexibilidade afetiva para aceitar esse homem que ainda não está preparado para o nosso novo perfil. E os homens precisam aprender a lidar com essa nova mulher: mais racional por fora, mas muito afetiva ainda, por dentro.
Como disse certa vez o Pe. Antônio Vieira, no livro O verbo amar e suas complicações: "A Humanidade está dividida entre os que se julgam infelizes porque não se casaram, e outros que maldizem a sorte porque se casaram".
Eu acredito que nós estamos num ciclo evolutivo mútuo. Essa é a razão maior que nos move.