por Lilian Graziano
Benjamin Franklin (1706-1790) foi um grande coach de si mesmo, como mostrou tempos atrás um artigo na revista Forbes americana.
Ainda jovem, ele queria modificar seus hábitos ruins baseado em virtudes que reuniu, entre as que considerava essenciais para a vida e as que não possuía, desenvolvendo para a mudança, um método que parece lógico e eficaz até aos psicólogos mais modernos.
Seu sistema incluía a descrição precisa de cada virtude no papel, de maneira que, como objetivos a serem alcançados, todas ficassem claras e visíveis. Além disso, para que tudo funcionasse, Franklin comprometeu-se profundamente com a aquisição das novas virtudes. Procurou praticar uma por vez, durante um período, anotando tudo em um diário, verificando frequentemente os acertos e falhas que por ventura tivesse cometido.
Método Franklin
O sucesso do caminho trilhado por Franklin é atribuído às seguintes características de seu método:
– Dar um passo de cada vez, com comprometimento, cercando-se de tudo que o faz lembrar do porquê de sua jornada.
– Por meio de suas anotações, elaboração diária de suas emoções e desempenho: ingredientes para automotivação e autocrítica construtiva.
E, cá entre nós, o que o jovem Franklin procurava era um bem-estar palpável convertido para ele na justa medida do homem melhor que idealizava ser. Trocando em miúdos, o que ele queria era ser feliz.
Pois bem, 300 anos depois, isso se relaciona muito com a Psicologia Positiva (PP), exceto por Franklin ter se pautado em suas deficiências para promover seu próprio crescimento (o que, na PP, ocorre de modo totalmente contrário, com base nas qualidades do indivíduo).
Conexões entre Franklin e a psicologia positiva
Quando falamos nas virtudes idealizadas por Franklin, logo nos vêm à cabeça as 24 forças pessoais que todos temos (veja aqui), em maior ou menor intensidade, descritas por Peterson e Seligman, este último o pai da Psicologia Positiva (e temos aqui a conexão número 1).
Cultivar virtudes ainda nos remete à promoção de emoções positivas que, segundo a PP, quando experimentadas com frequência, e não se tratando de sensações efêmeras, estão diretamente ligadas à percepção de um maior bem-estar em nossas vidas (conexão número 2).
Todo esse processo gera certamente um círculo do bem na promoção de comportamentos e relações mais funcionais, os chamados relacionamentos positivos (conexão número 3).
Já o comprometimento de Franklin com essa jornada poderia facilmente se reverter naquilo que chamamos de flow, ou engajamento total, concentração que nos leva a um profundo sentimento de gratificação (conexão número 4).
Pense que, para os próximos dias, não seria nada mal elaborar uma lista de virtudes ou qualidades que queira intensificar como hábitos, pensando em seu crescimento e na mudança comportamental para o bem que elas irão promover.
Fie-se em cultivá-las, experimentá-las, uma de cada vez, em um período delimitado, anotando progressos e dificuldades em consolidá-las como hábito. Nessas elaborações, pense no que cada uma dessas qualidades ou virtudes pode lhe propiciar no âmbito de sua vida.
Tenho certeza de que você vai se surpreender com os resultados, tal qual, possivelmente, Benjamin Franklin se surpreendeu um dia, ao assegurar que a busca pela felicidade seria um direito constitucional.