Briga entre torcedores de futebol têm acontecido com frequência nos campos ao redor do mundo. Isso é um típico exemplo da barbárie em que vivemos atualmente.
A questão é que as discussões sobre comportamento agressivo entre torcedores vêm gerando pesquisas envolvendo áreas como sociologia, pedagogia, política, filosofia, segurança pública, psicologia…
Briga entre torcedores: o que há por trás disso?
O fato é que brigas entre torcedores, como a citada, têm sido cada vez mais comuns e têm relação com o fanatismo, que pode promover intolerância e até violência entre indivíduos com crenças ou pontos de vista diferentes, além de recusa em considerar outras perspectivas ou opiniões.
Em um recente estudo conduzido pelo Dr. Francisco Zamorano Mendieta, da Universidade San Sebastián (Chile), o objetivo foi explorar os mecanismos cerebrais subjacentes aos estímulos sociais positivos e negativos em fanáticos por futebol durante cenários sociais positivos e negativos; para tanto utilizou-se a ressonância magnética funcional para estudar a ativação cerebral relacionada a comportamentos complexos como os ligados ao fanatismo.
Notou-se que, quando a equipe preferida vencia, o sistema de recompensa no cérebro do torcedor era ativado. Por outro lado, quando perdia, a rede de mentalização poderia ser ativada, levando o indivíduo a um estado introspectivo, que pode amenizar parte da dor da perda; neste caso, pode haver uma inibição do centro cerebral que conecta o sistema límbico com o córtex frontal, aumentando a probabilidade de comportamentos disruptivos ou violentos.
As expectativas do estudo e a de que possam oferecer informações sobre a dinâmica social em outras áreas. Eles reconhecem que alguns fatores dificultam a identificação de fundamentos neurológicos da realidade extrema e das conexões sociais, tão necessárias para todos nós. Observaram, ainda, que os laços sociais muitas vezes se formam em torno de crenças, valores e interesses compartilhados, mas que tais “pensamentos de grupo”, podem promover crenças irracionais e discórdia social.
Embora careçam de mais pesquisa, os dados apresentados abrem caminhos para o entendimento e até para a previsão de comportamentos agressivos e inadequados relacionados ao fanatismo não só relacionado ao futebol.
Para saber mais: Mendieta, J. M. et al. Brain Mechanisms Underlying Emotional Response in Social Pain. Football as a Proxy to Study Fanatism: An fMRI Study. Radiological Society of North America. https://press.rsna.org/pressrelease/2023_resources/2474/abstract.pdf