Por Marta relvas
A maioria das crianças se assemelha àquele coelhinho que bate tambor no comercial da pilha que “duuura”: parecem ter uma energia sem fim, que usam para fazer coisas aparentemente sem muito sentido.
Por que passar tanto tempo correndo, pulando uns sobre os outros, ou brincando de morto-vivo ou batatinha-frita?
Parecem brincadeiras bobas que servem apenas para divertir as crianças e fazê-las correr. Mas esses jogos fazem muito mais: oferecem um enorme playground para o cérebro aprender por tentativa e erro e ainda são um grande treinamento social para os futuros estresses da vida adulta.
Considere, por exemplo, as brincadeiras tradicionais da infância. Estas são um excelente exercício para o córtex pré-frontal em formação, aquela parte do cérebro que organiza nossas ações, faz planos, elabora estratégias e, sobretudo, diz “não” às respostas impulsivas do cérebro. Crianças pequenas ainda não fazem nada disso muito bem, com seu pré-frontal imaturo, de modo que qualquer “ORIENTAÇÃO” de organização é bem-vinda.
Não é a quantidade de estímulos, mas, a qualidade dos estímulos que promove novas conexões neuronais. Aos três anos, a criança brinca muito bem de “morto-vivo” sem o menor problema. Mas, os cérebros, na maioria dessa faixa etária, ainda não respondem nas brincadeiras de “nível 2”, como por exemplo, no esconde-esconde, muitas vezes basta perguntar “Cadê você?” que ela logo se entrega, lá do seu esconderijo: “Tô aqui!”. Com tempo, prática e muita brincadeira, o córtex pré-frontal vai aprendendo que às vezes a ação correta é a não ação.
O prazer e motivação das brincadeiras da infância vêm da ativação do sistema de recompensa ou Sistema Límbico, que premia o cérebro que faz algo que dá certo, e assim faz qualquer coisa parecer interessante. Além de aprender na prática a controlar a si mesmo, o cérebro de quem brinca aprende formas mais saudáveis de regular suas respostas ao estresse.