Por Regina Wielenska
Desastres como os das mineradoras, tsunamis devastadores, episódios de violência com morte, relatos sobre o Holocausto e sobre massacres étnicos ou religiosos, esses e tantos eventos podem despertar em nós, pessoas indiretamente afetadas, reações de compaixão, tristeza, empatia, raiva, medo, entre outras possibilidades.
Viver na pele a perda de entes queridos, sofrer mutilações, passar fome, ter de fugir sem saber para onde, perder a lavoura e a casa, ficar sem água potável, esses são apenas alguns dos muitos horrores que afetam as vítimas diretas. Nós, testemunhas distantes do horror, acabamos por “esquecer” do ocorrido, as emoções iniciais são amainadas e seguimos a vida sem pensar mais a respeito. É tudo questão de tempo… triste isso? Sim, também acho. Pode ser que façamos isso para conseguirmos seguir em frente. Seria um mecanismo de proteção.
Não temos por habito pensar na nossa morte, o temor ou a angústia nos imobilizariam se pensássemos mais? Não tenho respostas prontas. Sei que na contemporaneidade, os rituais de velório e enterros são cada vez mais compactados no tempo e espaço, o enlutado que se vire na dor, dele se espera que logo retome a vida como se morte não houvesse. Crianças são apenas informadas de que o vovô virou estrelinha, está com papai do Céu, virou anjinho.
Neste cenário quero lhes convidar a lerem o livro De Frente para o Sol, do respeitado psicoterapeuta existencial Irvin Yalom. A morte assombrou homens e mulheres, clientes do autor, e ele compartilha conosco a complexa experiência que viveu com essas pessoas ao longo da psicoterapia. De quebra, o psiquiatra revela aspectos pessoais de sua relação com a vida e o morrer, comenta sobre aspectos marcantes de sua história de vida.
Guiados pelas habilidosas mãos de Yalom, com sua prosa maravilhosa, quem sabe consigamos refletir melhor sobre nossa existência e a inevitável finitude.