Da Redação
Dores de cabeça, estalos na articulação localizada entre a mandíbula e o crânio, cansaço dos músculos do rosto, tensões musculares na face, pescoço e ombros, prejuízos aos ouvidos como o zumbido, desgaste excessivo e fratura dos dentes são apenas alguns dos sintomas do bruxismo.
“O bruxismo pode ser definido como uma atividade involuntária da musculatura responsável pela mastigação que causa sérios danos à saúde”, explica Gerson Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial.
O especialista esclarece que existem dois tipos de bruxismo – o que ocorre somente à noite, denominado bruxismo do sono (BS), e o que acontece durante o dia, chamado de bruxismo da vigília (BV). “O paciente pode sofrer tanto com o BS quanto com o BV. Dados divulgados no artigo Neurobiological Mechanisms Involved in Sleep Bruxism indicam que o bruxismo diurno pode afetar uma em cada cinco pessoas, ou seja, 20% da população em geral têm bruxismo quando estão acordados”, ressalta.
O artigo foi produzido por pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, em conjunto com o Centro de Estudo do Sono do Hospital Sacré-Coeur, também de Montreal, e com a Faculdade de Odontologia da Universidade de Toronto, também localizada no Canadá. “É um texto considerado clássico e bem atualizado que traz informações importantes acerca do bruxismo. O objetivo é discutir a relação entre os mecanismos da atividade rítmica da musculatura mastigatória e suas interações com a fisiologia do sono”, aponta o também especialista Juarez Köhler.
Foram analisados outros fatores, como os processos neuroquímicos associados à musculatura facial durante o sono e as interrelações de fatores cognitivos comportamentais, como ansiedade e estresse, com o BS. “O bruxismo do sono tem sua frequência reduzida conforme a idade. Dos que sofrem com o problema 14% são crianças, 8% são adultos e 3% são pessoas com idade superior a 60 anos. O excesso de força da musculatura mastigatória é verificado no início do sono, com a ocorrência de cinco a seis episódios por hora de sono. Essa movimentação é detectada por exames que inclui a polissonografia”, acrescenta Juarez.
Durante o sono é normal ocorrer atividades da musculatura mastigatória, sendo que 60% das pessoas têm movimentos de uma a duas vezes por hora de sono.
Já quem sofre com o BS possui três vezes mais movimentação e com intensidade mais forte. “Os apertamentos e rangidos incomodam tanto os portadores, que sofrem com as consequências, quanto quem dorme ao lado, pois a força é tão intensa que é possível ouvir a movimentação. Essa é uma alteração complexa e muito destrutiva para as articulações que compõe a mandíbula e os dentes”, observa Gerson.
As causas do bruxismo não são completamente conhecidas e o que já se sabe é que o problema está relacionado ao mau alinhamento dos dentes, perdas dentárias e principalmente disfunção e sobrecarga dos músculos envolvidos na mastigação. “O tratamento depende das causas e do período em que o bruxismo ocorre – se durante o dia ou à noite. Uso de placas interoclusais, tratamentos odontológicos, ortodônticos e exercícios físicos são alguns dos tratamentos indicados para os portadores que devem procurar um especialista para avaliar o caso”, recomenda Juarez.