Da Redação

O ritmo das transformações atuais – na tecnologia, nos costumes, na vida profissional, enfim, em todos os campos de atuação humana – é tão intenso, que temos a impressão que até o tempo caminha mais rápido. E é importante acompanharmos ao menos algumas dessas mudanças, por exemplo, no nosso campo profissional.

Porém, no esforço de acompanhá-las, às vezes ficamos tensos e ansiosos, pois não queremos ficar para trás, tornando-nos obsoletos. Contudo, tão importante quanto acompanhar as mudanças é encontrar nosso lugar no meio delas a área de calmaria no centro do turbilhão de transformações.

Há milênios, os sábios chineses vêm dizendo: as mudanças são parte essencial da natureza das coisas, e na base de toda mudança está a dinâmica do yin e yang.

Yin e yang são princípios centrais muito antigos na tradição cultural chinesa. Embora tenham surgido provavelmente por volta dos séculos IV e III a.C., as ideias que os fundamentam já faziam parte da cultura chinesa, séculos antes.

Yin nas suas origens, evocava a idéia de tempo frio e fechado, de céu chuvoso; aplicava-se ao que é interno e designava o recinto escuro e frio onde, durante o verão o gelo era conservado. Yang despertava a idéia de sol e calor; aplicava-se ao que é externo, e aos dias primaveris em que o calor do sol começa a fazer sentir a sua força. Yin designava também as encostas sombrias de uma montanha, em oposição às encostas yang, ensolaradas. Yin é a idéia do feminino, em oposição à idéia do masculino, yang.

A essência dessas ideias permanece: yin e yang são os opostos que se complementam, implícitos em tudo que existe: Um tempo yin, um tempo yang; um lado yin, um lado yang (do I Ching – O Livro das Mutações). Esta dinâmica leva a um eterno fluir tudo muda continuamente, como disse Confúcio, o sábio chinês, diante de um rio: Tudo segue, fluindo, como esse rio, sem cessar, dia e noite. E essa sabedoria milenar mantém-se em consonância com o que a Ciência sabe hoje sobre o processo da vida e da entropia (clique aqui e saiba mais) no Universo.

Tudo flui, tudo muda: o seu corpo está em constante mutação neste exato instante, milhões de suas células estão morrendo e outras nascendo e se desenvolvendo. Este artigo que você está lendo, embora pareça estático, é de fato o produto de um fluxo contínuo de impulsos eletrônicos que movimentam grandes quantidades de bits de informação. O ar ao seu redor está em movimento e transformação, pelas grandes mudanças atmosféricas e por outras menores, como sua respiração, a respiração das pessoas e plantas à sua volta, o deslocamento e o escape dos veículos mais próximos. Os móveis, equipamentos e o próprio prédio ou casa ao seu redor parecem sólidos, porém estão também em mutação: lentamente estão se alterando pelo uso, pela interação com o ar e a umidade, e pela ação de insetos e microorganismos. Tudo o que vemos é constituído por átomos e estes por partículas ainda menores que estão em perpétuo movimento.

No mundo atual, na tecnologia, nos costumes, em tudo, também podemos ver transformações que parecem acontecer de forma cada vez mais rápida.

Entretanto, ao focarmos nossa atenção além desse turbilhão de movimentos e transformações, além dos acontecimentos transitórios do nosso cotidiano, começamos a entrar em contato com a essência do yin e yang, a imutável e eterna lei que atua em toda mutação. É o Tao (clique aqui e leia), do qual  Lao Tse  fala, o princípio uno dentro da multiplicidade e da mutação. Entrar em contato com o Tao é como entrar no olho do furacão, a zona de calmaria no centro da grande tempestade.

Sugiro-lhe uma experiência:

Agitado e tenso? Encontre a calma

Sentado onde está, comece se espreguiçando. Estique os braços e espreguice, alongando-se e movimentando a sua energia vital o chi.

Agora deixe os braços descansarem sobre o colo. Procure manter suas costas eretas, sem se sentir obrigado a isto (quando nos sentimos obrigados, ficamos tensos e rígidos). Pense num leve e agradável impulso para cima, a partir do alto da sua cabeça. Isto o ajudará a manter a coluna mais ereta, sem esforço.

Preste atenção na sua respiração no ar que entra e que sai de seus pulmões. Deixe a respiração seguir o seu ritmo natural, apenas a acompanhe…

Imagine um lago… A superfície desse lago foi agitada… Sinta-se como esse lago… Imagine, sinta que as águas lentamente voltam à tranqüilidade… Os movimentos de sua mente e de seu corpo diminuem, mas ainda subsistem, como as águas do lago que ainda se agitam um pouco… Deixe os movimentos diminuírem, e lentamente você começa a se sentir mais tranqüilo e centrado…

Quando as tempestades da vida se abaterem sobre você, lembre-se que há um Princípio maior que está em tudo, que é quietude e paz no meio da tormenta. E busque alçar-se a esse Princípio, que está também em você.