por Carlos Hilsdorf
Talvez hoje seja seu aniversário ou de alguém a quem você ama; uma amiga, um parente, um professor. Aniversários têm sempre um significado especial. Eles no lembram a data em que fomos matriculados neste estágio da escola da vida e sugerem um balanço do que realizamos até o momento, como anda a nossa missão existencial, a tão aclamada lenda pessoal (me lembro de Joseph Campbell) que cada um de nós vive de forma particular e única.
Nesta data, muitas pessoas se lembram de nós. Lembram-se os amigos e todos os que nos nutrem carinho e consideração. Nesta data, nós também nos lembramos deles, de tudo o que vivemos em sua companhia e, inevitavelmente, de tudo mais o que vivemos, os fatos e pessoas que marcaram… os risos e as lágrimas que deram o tom da nossa trilha sonora existencial. Desfilam em nossa mente: pessoas, situações, livros, fotos, músicas, filmes, tudo o que compôs o cenário de nossas vidas até o momento…
Horizonte perdido
Quando eu era ainda uma criança, o primeiro filme que me impactou, ainda bem pequeno, foi “O Horizonte Perdido” (The Lost Horizon). Nas locadoras há duas versões desse filme, a que me refiro é a que possuía a trilha sonora de Burt Bacharach.
Baseado no livro de James Hilton, esse filme, mistura de realismo fantástico, musical, romance drama e filosofia, conta a estória de um avião que cai nas montanhas durante uma tempestade de neve. Seus passageiros buscando abrigo e alimento são resgatados por uma equipe que os conduz a Shangri-la, um paradisíaco lugar entre as montanhas onde as pessoas vivem em harmonia, não envelhecem e desfrutam da paz proveniente da moderação e da cooperação. Tudo isso ocorre desde que não deixem Shangri-la, pois sair desse “éden” significa perder todos esses benefícios.
Visto hoje, a parte musical do filme parece ingênua e até infantil, mas os diálogos e a proposta mítico/metafórica de Shangri-la perderá o significado jamais…
Existe um lugar a salvo das tempestades do mundo, um lugar onde existe paz, amor e harmonia, onde a moderação e a cooperação permitem a qualidade de vida. Um lugar onde a gente não envelhece. Neste lugar o amor de nossas vidas e nossa missão esperam por nós…
Quando o encontrarmos seremos felizes, desde que tenhamos a coragem de abandonar “a velha civilização” e tudo mais que ficou “ para além das montanhas” sagradas de Shangri-la.
O paraíso tem lá suas condições…
Se você ainda não viu esse filme, veja. Veja, preferencialmente, a versão com trilha de Burt Bacharat (a versão colorida por computador, a anterior permaneceu somente em preto e branco), você se beneficiará com os diálogos e com as reflexões que poderá fazer partindo deles…
Shangri-la existe! Está dentro do seu coração. Neste lugar, nenhuma tempestade poderá atingi-lo. Em Shangri-la, todos os dias são dias do seu aniversário. Nesse lugar “mágico” suas lembranças estarão vívidas e você experimentará a paz… Desde que, tendo encontrado esse paraíso perdido dentro de si mesmo, você não tente voltar para as coisas que ficaram para trás.
Shangri-la é um lugar que está sempre à sua frente, quando encontrá-lo viva nele, não o deixe. Se tentar partir e voltar para o “velho mundo” poderá passar o resto de seus dias buscando o caminho de volta…
Cada um de nós tem um sentido, um significado, uma interpretação para este metafórico lugar do realismo fantástico… Cada um de nós tem o seu próprio Shangri-la.
Feliz aniversário!
Em Shangri-la sempre será o dia do seu aniversário…
Por que lá você renasce todos os dias…