por Ana Beatriz B. Silva
Até bem pouco tempo o estudo do cérebro era conduzido tal qual uma seita religiosa onde seus membros mantinham seus conhecimentos hermeticamente fechados aos não privilegiados que formavam, por assim dizer, os "não-iniciados". Estes, por sua vez passaram a ver o cérebro e suas funções como algo difícil, quase místico e, por isso mesmo, reservado a uma elite vista de forma burocrática, uma vez que a terminologia utilizada pela neurociência para descrever o cérebro e suas funções mostrava-se ainda bastante confusa ao público em geral.
Isto acabou por criar um distanciamento das pessoas sobre como funcionam seus cérebros. E a ausência deste conhecimento pode ser muito desastrosa para o homem como espécie ou mesmo como indivíduo em busca de sua felicidade. Só existe caminhada, se há caminho, desta forma cada um de nós só podemos atingir nossos objetivos essenciais para uma existência harmonicamente produtiva, se tivermos claro qual é o nosso caminho, ou seja, nosso autocaminhar, nosso autoconhecimento.
Para chegarmos ao autoconhecimento é fundamental sabermos como nosso cérebro realmente funciona, como ele transforma reações químicas em funções mentais como felicidade, lembrança, tristeza e/ou medo. E não podemos esquecer que, em última instância, as funções cerebrais geram a energia mental de cada um de nós, que acaba por determinar nosso modo subjetivo e singular ao reagirmos aos conhecimentos da vida e interagirmos com o mundo. Na realidade, isto é nossa personalidade, e em última instância nós somos nossa personalidade.
Desta forma podemos definir a ciência do comportamento como sendo a ciência que estuda o funcionamento cerebral e seus efeitos nas ações e reações cotidianas dos indivíduos. Sendo assim, este conhecimento pode proporcionar a nós um melhor domínio sobre quem somos e uma previsão sobre como podemos desempenhar um papel ativo na construção de nossas vidas, libertando-nos da ignorância servil que, muitas vezes, nos faz dependentes de falsas curas milagrosas.
Como não existe um cérebro igual a outro e nenhum deles é perfeito, torna-se responsabilidade nossa sabermos o máximo a nosso respeito e de que forma nossa mente confere a cada um de nós, uma maneira única e singular de ver a realidade que nos cerca.
A medicina do comportamento utiliza na sua prática clínica os conhecimentos da ciência do comportamento e acreditamos que os pacientes necessitam de uma quantidade razoável desses conhecimentos, pois eles são os únicos que podem descrever como vivenciam o mundo e como estas vivências podem lhes causar transtornos em suas vidas.
Desta forma a ciência do comportamento reafirma a consagrada sabedoria de que o segredo do sucesso na vida está em conhecer-se a si mesmo, verdade confirmada nos fundamentos da psicologia, da filosofia e da religião.
Um fato é inegável: vivemos um momento histórico em relação às descobertas sobre o cérebro e suas funções. O mínimo que podemos e devemos fazer é nos informar sobre como nossos cérebros fazem e produzem nossas mais diversas emoções e comportamentos. Este conhecimento nos propicia a possibilidade responsável de vivermos nossas vidas, maximizando nossas virtudes e minimizando nossas limitações.