por Renato Miranda
Não é muito raro escutarmos em conversas sobre esporte, que os atletas profissionais nos dias atuais não demonstram prazer pela atividade que fazem e parecem se importar apenas com seus próprios salários e outros benefícios quaisquer.
Eu não concordo muito com esse tipo de comentário, visto que quando tratamos de esporte profissional avalio não só o futebol, mas, um rol de esportes que vai do surfe ao automobilismo, passando pelo vôlei e o iatismo.
Não obstante aceito que independentemente do esporte, existem vários casos em que sou obrigado a concordar, ao menos parcialmente, com o comentário acima. Mas, afinal se desenvolver atividades profissionais com prazer é fundamental, como podemos sugerir uma diretriz para que isso aconteça?
O caso do esporte é bastante peculiar, no entanto podemos estender nossa orientação para qualquer atividade profissional.
Nesse sentido proponho:
1º) Estabelecer metas
Significa que o atleta precisa aprender a fazer escolhas oportunas e aceitar os eventuais limites que suas escolhas impõem sobre sua vida, no que se refere à disciplina de comportamento, dedicação, comprometimento, persistência e outros. Além de reconhecer seus limites próprios perante a realidade. Muitos atletas que chegam a virar profissionais querem viver socialmente como amadores e assim mesmo lograr grandes êxitos. Isto é simplesmente paradoxal (veja texto sobre o atleta autotélico (clique aqui). Um atleta profissional não tem "direito" a baladas (noitadas).
2º) Envolvimento com a atividade
Envolver-se com a atividade de maneira profunda só é possível se a pessoa dedicar-se a melhorar sua capacidade de concentração. Tal estratégia é para evitar que a energia psíquica do atleta seja desperdiçada com ações improdutivas (preocupação excessiva com a mídia, vida social intensa e por vezes conturbada, sucesso pessoal em detrimento à dedicação diária e outros). Se o atleta desprezar o desenvolvimento da concentração com o esporte correrá o risco de não se envolver com sua atividade e automaticamente se distanciará de seus próprios objetivos.
3º) Afastar-se do egocentrismo e aprender a sentir satisfação com a profissão
A qualidade e intensidade do envolvimento do atleta com seu esporte é a base que sustenta seu afastamento do egocentrismo. O atleta que se envolve profundamente com suas tarefas não perde tempo e energia com questões individuais.
Mesmo que em algumas situações as tensões excessivas, preocupações e situações desagradáveis permeiem o caminho do atleta que se dedica e é concentrado em suas atividades, ele terá assim mesmo, grandes chances de sentir satisfação com aquilo que faz.
Quando enfim surgem a autoconfiança (produto final da concentração!), a autodisciplina e a determinação, ele atinge um ótimo controle mental que lhe permite transformar situações desagradáveis em oportunidades para transformar as mesmas em situações satisfatórias.
Para finalizar, ao resgatarmos na memória os (realmente) grandes atletas da história, nós encontraremos pessoas que fizeram de suas profissões suas fontes de prazer!