por Rosemeire Zago
O amor quando chega nos invade, acolhe, aconchega… apesar de tantos desejar e esperar por ele, nem sempre somos abençoados com nobre sentimento. Mas quando chega verdadeiramente nos sentimos assustados, não sabemos o que fazer, se é que deve ser feito algo… só conseguimos saber que sentimos algo forte, muito forte! “O que é isso?” nos perguntamos, “tão diferente do que já senti!”… pensamos!
Não é por ser diferente que é errado ou com menor valor, apenas é diferente daquilo que conhecemos, mas talvez por isso mesmo seja algo tão assustador. Mas ao mesmo tempo é bom, tranquilo, parece que liberta; muito diferente daquele sentimento que damos o nome de amor, quando na verdade está muito mais para apego, posse, atração, desejo, prisão.
Só depois que ele – amor – chega é que reconhecemos a sutil diferença ao que sentíamos e damos o nome de amor, e ao que é amor realmente. Para nomear um sentimento com esse nome, ele deve ser muito nobre, o que em nada combina com ciúmes, agressões, insegurança, infidelidade, controle, manipulação, brigas constantes, entre outros. Não, o amor não traz nada disso, ele traz exatamente o contrário: paz, segurança, tranquilidade, harmonia, crescimento mútuo, confiança, cumplicidade. Enfim, aquilo que sempre desejamos ter, mas enquanto não for amor de verdade, dificilmente conseguiremos conquistar, por mais que o desejemos.
Mas por qual motivo é tão difícil encontrar o amor verdadeiro?
Tudo começa com a falta de amor por nós mesmos, que geralmente vem associada à baixa autoestima. Ou seja, se não reconhecemos nossos reais valores, como podemos nos amar? E como saber de nosso valor enquanto pessoa se nem todos se dão ao trabalho de se conhecerem? Dificilmente alguém ama quem não conhece, ou ainda, quem não se dá o devido valor. Isso nos faz chegar à conclusão que sem nos conhecermos, e em consequência nos amarmos – pois o amor vem do conhecimento, admiração, que se tem por outra pessoa ou por si mesmo – não conseguiremos verdadeiramente amar alguém ou permitir que tal amor chegue até nós.
Sem nos conhecermos não sabemos quais são as necessidades emocionais que temos, as quais não deixam de existir por não as reconhecermos. Elas muitas vezes são responsáveis por nossas expectativas frustradas, pois muitas vezes esperamos que nosso companheiro venha a suprir tudo aquilo que necessitamos desde crianças e que não fomos correspondidos. Com isso tendemos a idealizar o outro, vendo nele aquilo que gostaríamos que fosse e não quem ele é na realidade. E conforme ele vai se mostrando a nós, sentimos como se tivéssemos sido enganados. Mas será que fomos mesmo enganados ou sequer nos demos tempo para saber quem é essa pessoa que deixamos entrar em nossa vida, sem pedir licença, e colocamos nosso coração e nossa vida totalmente em suas mãos?
Resumindo: a falta de amor-próprio, a baixa autoestima, as necessidades emocionais não reconhecidas, geralmente causadas pela falta de autoconhecimento, somada as idealizações, expectativas, carências, histórico de vida, podem comprometer nossos relacionamentos e dificultar o encontro com o verdadeiro amor. O que, no fundo da alma, é o que todos buscamos.
Portanto, devemos realizar toda essa caminhada de autoconhecimento para depois nos permitirmos nos envolver com outra pessoa, o que raramente as pessoas fazem. Elas querem alguém que não as façam se sentir sozinhas e nessa busca, muitas vezes se encontram mais sozinhas do que antes. Por medo de ficar só, envolvem-se com pessoas cujo relacionamento traz apenas sofrimento.
“Mas como reconhecer se o que sinto é amor?” você deve estar se perguntando… Para reconhecê-lo é preciso ter um mínimo de autoconhecimento, pois do contrário estará vulnerável a considerar toda pessoa que vier a conhecer e/ou se relacionar como uma possibilidade de vivenciar o amor, podendo assim facilmente confundir apego, posse e atração com amor. Fará isso porque irá sobrepor suas carências, sem respeitar sua reais necessidades, que muitas vezes está muito distante de serem supridas por esse pessoa.
Claro que devemos considerar que ninguém supre as carências de ninguém, mas sempre queremos uma pessoa que seja carinhosa, compreensiva, amiga… Enfim, que tenha valores semelhantes aos nossos, mas ignoramos isso e nos envolvemos sem o menor conhecimento do outro, em consequência da falta de conhecimento de nós mesmos, assim nos tornamos dependentes emocionais. Sim, não podemos saber isso sem dar o mínimo de chance para conhecer, mas quantas vezes não entramos num relacionamento sem sabermos muito bem sequer o que queremos?
Como encontrar alguém que te faça feliz se nem você mesmo o sabe?
O autoconhecimento se torna importante até para iniciar um relacionamento. Portanto, procure se conhecer mais, saber o que é importante para você no relacionamento afetivo, tenha referência de como seria o relacionamento ideal para você, ainda que ele não seja exatamente igual, ao menos saberá o quanto está perto ou distante do que deseja para sua vida nos próximos anos.