Caminhos para um diálogo saudável e eficaz – Parte III

por Luís César Ebraico

Iniciei uma série de quatro textos sobre orientação *loganalítica via internet. O link do primeiro texto (clique aqui), link do segundo (clique aqui)

Continua após publicidade

Agora escrevo a terceira parte deste texto.

PARTE III

Paula cumpriu minha solicitação e passou a enviar-me, por e-mail, fragmentos de diálogos ocorridos entre ela e seu marido, que chamarei de Felipe.  Passei a responder-lhe com e-mails em que eu repetia trechos dos diálogos recebidos, seguidos de comentários loganalíticos.  Os trechos de Paula vão em azul, meus comentários em preto.

(Este diálogo ocorreu faz alguns meses. Ele me dá ainda mais raiva do que os outros, de tão ridículo!)

Continua após publicidade

Paula: Você precisa tomar mais cuidado, chegou outra multa de excesso de velocidade.

Eu:  Eu jamais diria VOCÊ PRECISA:  a frase é heterológica, faz a outra pessoa se sentir pressionada e acusada e, quase que fatalmente, a mandar você para o diabo e bater a porta na sua cara, ou começar a justificar-se com argumentos sem pé nem cabeça.  Eu teria simplesmente dito:  Fulano, chegou mais uma multa por excesso de velocidade!  Ponto.

Felipe: Mas eu não estou correndo…

Continua após publicidade

Paula: Pois é, mas você tomou multa, num lugar em que o limite era 60km/h.

Eu:  Eu retrucaria:  Eu não disse que você estava correndo, eu disse que CHEGOU MAIS UMA MULTA!

Felipe: Ai, eu sei onde foi, eu não passei de 65km/h.

Paula: Se você não tivesse passado de 65 não teria tomado a multa, você estava no mínimo a 66, pra dar os 10% acima.

Eu:  Eu teria apenas respondido:  Bem, a tolerância parece que vai até 10% além do limite, ou seja, 66km.  Vai ver que o seu velocímetro e o do pardal estavam com regulagens diferentes.

Felipe: Mas eu não estava correndo!

Paula: Eu não estou questionando se você estava correndo ou não. Meu ponto é, você estava acima do limite de velocidade e você precisa tomar mais cuidado.

Eu:  Eu diria:  Fulano, eu NÃO DISSE QUE VOCÊ ESTAVA CORRENDO, eu disse que CHEGOU MAIS UMA MULTA!”.  (Portanto, sem o maldito VOCÊ PRECISA!!!)

Felipe: Eu não tenho culpa se o limite de velocidade é tão baixo.
 
Paula [dirigindo-se a mim]:  Neste momento eu desisti de discutir, não quis continuar fazendo papel de otária, tentando fazê-lo ver o óbvio.

Eu teria respondido:  Fulano, eu NÃO DISSE QUE O LIMITE DE VELOCIDADE É ALTO, e tampouco disse que VOCÊ TEM CULPA.  Eu disse que CHEGOU MAIS UMA MULTA!.  Você está ouvindo mal?  Talvez com cera no ouvido?  Se for o caso, tem cotonetes lá dentro…

Não é enunciada em primeira pessoa.