por Tatiana Ades
Recentemente a Agência de Noticias BBC Brasil divulgou a seguinte notícia:
“Grupos de mulheres estão se organizando para combater atos de assédio sexual sofridos nas ruas – de assobios e cantadas a insinuações e ações físicas inapropriadas.
Uma das iniciativas partiu da britânica Vicky Simister, que fundou o Anti-Street Harassment UK (“Grã-Bretanha contra o assédio nas ruas”) depois de ter sido perseguida nas ruas de Londres por um grupo de homens que se insinuou sexualmente para ela”
Essa história me faz pensar um pouco na confusão de ideias que algumas pessoas ou grupos específicos podem ter ao tomarem uma iniciativa desse tipo.
Sabemos nós mulheres, o quanto é desconcertante ouvir piadinhas e assédios na rua. Mas devemos observar a questão com muito cuidado, pensando sempre em nosso contexto sóciocultural.
Essa atitude masculina feita em grupo é uma forma de machismo, onde o homem precisa se mostrar “macho” para seus companheiros. Garanto que se estivessem sozinhos, 50% deles não teriam a coragem de gritar insultos e assédios.
Trata-se de uma reação em massa, uma espécie de histeria coletiva, que acontece num grupo de pessoas que segue os valores de uma sociedade e a maioria das “sociedades” ainda é machista.
Não acredito que unir mulheres para combater essas atitudes seja apropriado e explico o por quê:
É muito menos perigoso uma atitude de 'cantada de pedreiro', do que ser abordada por um único homem na rua ou em qualquer lugar.
Claro que isso não retira o incomodo sentido por diversas mulheres ao andarem na rua e ouvirem nomes até sujos. A mulher se sente um verdadeiro objeto.
'Cantada de pedreiro' e autoestima
Mas parte das mulheres, no entanto, diz gostar de tais abordagens, diz sentir-se bem e que a 'cantada de pedreiro' eleva a autoestima.
Cada mulher é única e, por conseguinte, sente e percebe essa situação de forma diferente.
Quanto ao respeito devido à mulher, é claro que ele deve existir, mas isso não acontecerá com um grupo de mulheres se reunindo, ao contrário, isso apenas aumentará a necessidade machista do homem em continuar assediando.
Para evitarmos o assédio nas ruas devemos educar nossos filhos, devemos ensinar-lhes que tratar uma mulher como um objeto é algo errado; que mulher não é um ser 'inferior' ao homem, que gentileza e cortesia são sempre bem-vindas. As escolas deveriam também adotar esse tipo de ensino, só assim , dentro de uma correta educação, teremos a possibilidade de mudanças reais.
E nunca devemos nos esquecer:
Nós mulheres somos responsáveis também pelo machismo de uma sociedade, pois somos nós que educamos nossos filhos! Pensem nisso!