Em outro artigo neste espaço escrevi sobre perfil empreendedor e como ele impacta nossas vidas. Resolvi abordar o tema nesses últimos escritos porque a pandemia atual nos empurra, muitas vezes, a um empreendedorismo impulsionado por urgências e nem sempre de forma planejada e orientada para resultados. Para tais iminências o empreendedorismo intrínseco cai muito bem, assim como cai para a vida (vide artigo anterior). Caso não seja dessa forma, competências empreendedoras podem e devem ser desenvolvidas de forma monitorada, organizada e satisfatória para a performance pretendida.
Mas por que empreender?
Essa é a questão que, respondida com precisão, levará a uma vida mais plena e feliz.
Nos processos de coaching que desenvolvo, percebo que a busca pelo desenvolvimento de competências empreendedoras esbarra na decisão sobre empreender ou não. Eis um dilema moderno em que as carreiras e profissões sofrem transformações diversas (e muitas estão em extinção). E quando me deparo com clientes sob esse dilema, a primeira “pergunta poderosa” de Coach, antes que eles estabeleçam empreender como objetivo central do processo, é exatamente “por que empreender?”. Como toda pergunta dirigida a um Coachee, pessoa que se submete a um processo de coaching, cabe somente a ele a resposta. Coaching não é mentoria nem aconselhamento. Mas aqui neste espaço posso desenvolver algumas respostas possíveis, segundo minha experiência com resultados obtidos.
Empreender é processo, não solução
Urgências podem nos transformar em empreendedores, mas o empreendedorismo não é fim em si. É um meio de alcançar resultados, transformar vidas. É preciso dedicar-se ao processo todo e desenvolver um negócio sob todas as suas etapas essenciais. Lucro e satisfação virão como consequência de uma trajetória empreendedora consistentemente desenvolvida, ainda que sejam o nosso objetivo final. Desespero não é característica inerente a um empreendedor. É ele que nos move? Avaliemos se queremos empreender dessa forma ou atuar de forma mais planejada…
Riscos? Passo longe…
Empreender é arriscar-se. Sem dúvidas. Se não estamos dispostos a correr riscos e a suportar as incertezas, dificilmente conseguiremos empreender. Eis um direcionador importante para a decisão em questão, que tem a ver com a existência ou não de um perfil empreendedor. No entanto, uma trajetória empreendedora consistentemente trabalhada pode nos orientar ao desenvolvimento das competências certa para tanto. E, melhor ainda, nos ensinar a calcular riscos e ter autoconfiança e habilidades para perseguir os resultados desejados. Mais uma vez, avaliemos se estamos dispostos a essa jornada…
Status, poder… é o que almejo alcançar
Vale mencionar esse, que é um objetivo bem comum entre pessoas que decidem empreender. A má notícia é que, segundo estudos liderados por Jeffrey A. Timmons, pesquisador e papa norte-americano do tema, autor de best-sellers a respeito, essa finalidade não era o desejo dos empreendedores mais bem-sucedidos do mundo. Ter status e poder se tornaram consequência de um empreendedorismo bem desenvolvido. Pensemos se devemos empreender movidos por esse desejo…
Essa é a vida que eu escolhi?
Por último e bem importante, vale lembrar que empreender é uma daquelas oportunidades raras em que podemos tomar as rédeas de nossas vidas e conciliar propósito e bem-estar em um negócio. Ser empreendedor, com o negócio escolhido, cabe em sua vida? Ou demandará energia monumental para adaptá-la constantemente a essa escolha? E aqui me dispo da porção colunista para vestir-me de Coach novamente, e encerro por aqui, deixando-o com essa reflexão.