por Anette Lewin
“O que fazer quando se está casada há 13 anos… foi meu primeiro namorado, marido e meu primeiro homem. Com um tempo, parece que os objetivos não são os mesmos, por mais que existam qualidades, só consigo ver defeitos. Só existem cobranças de ambas as partes. E o desejo de separação volta e meia vem na minha cabeça. O que posso fazer nessa situação?”
Resposta: Depois de treze anos de casamento a realidade já tomou o lugar das ilusões, do romantismo e das fantasias perfeccionistas. E muitos teimam em achar que realidade não combina com felicidade. Talvez seja esse seu caso.
A maioria das pessoas acaba associando a felicidade conjugal à mobilização que acontece no início do relacionamento amoroso. Quando ainda não se conhece direito uma pessoa, ela pode representar, na nossa cabeça, o ideal que nós mesmos planejamos. Nesse período nos relacionamos mais com uma ideia de perfeição do que com uma pessoa de carne e osso. É claro que essa fantasia nos mobiliza, nos faz ficar eufóricos, nos faz querer gritar aos quatro ventos: “Achei a pessoa mais perfeita do mundo! Ela me escolheu e está aqui, ao meu lado”. Está aí o retrato da felicidade. Emoldura-se e espera-se que ele continue na parede de nossas almas para sempre.
É claro, ironias à parte, que isso não vai durar. Mesmo porque a felicidade não é estática, ela é dinâmica. Um troféu numa estante jamais nos trará a mesma emoção de quando o conquistamos. Se quisermos reviver momentos de euforia teremos que batalhar para chegar a eles. Cada dia de um jeito.
Você diz que os objetivos do casal não são os mesmos. De que objetivos você fala? Perceba que objetivos em comum, num casamento, se ligam mais ao que se pode construir juntos: uma casa, uma festa de celebração, uma viagem, filhos. O resto não está especificado. Assim, quando esses objetivos são atingidos, cabe ao casal não mais se apoiar na ideia de que só podem caminhar juntos quando têm uma tarefa específica a cumprir; cabe ao casal saber saborear juntos os momentos em que apenas… estão juntos!
Cada um vive seu cotidiano, seu trabalho, suas experiências e se encontra no final do dia para, apenas e tão somente… estar juntos! Aí é que podem construir novos momentos a dois: sem planos concretos, apenas no relato, no pedido de uma opinião, na celebração do sucesso de um ou no lamento da perda do outro. Quando os planos em comum acabam, deve-se aprender a compartilhar momentos em comum. É desse compartilhamento que podem nascer novos planos, novos risos e novos choros. Quando o casal não consegue mais fazer isso, é por que está mais atento aos fins do que aos meios. E a felicidade conjugal está muito mais ligada aos meios do que aos fins.
Você diz que sabe que seu marido tem qualidades. Quais são elas? Tente resgatar esse lado positivo dele através do seu lado positivo.Sim, porque você também abandonou a pessoa animada que era colocando para fora apenas seu lado crítico, não é? Batalhe pelo que você já conquistou uma vez antes de ceder à tentação de começar tudo de novo. Sem a consciência do que está acontecendo e a batalha da reconquista as chances de você chegar ao mesmo ponto com um novo parceiro depois de bem menos do que 13 anos… são imensas!
É claro que você pode chegar à conclusão que, por ter tido um homem só em sua vida, está disposta a viver novas experiências amorosas. Sim, é um direito seu fazer de sua vida o que quiser. Desde que o faça com responsabilidade e consciência, sabendo que começo de namoro é euforia, meio é investimento e fim é risco.
ATENÇÃO: As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psicologia e não se caracterizam como sendo um atendimento.