por Jocelem Salgado
Os chás estão em alta! Ricos em princípios ativos com ação antioxidante e com poderes de prevenir doenças, acalmar e até mesmo ajudar no controle do peso, o consumo dessas bebidas tem crescido de forma significativa, ocupando o segundo lugar em consumo no mundo todo depois da água.
Os mais famosos são aqueles obtidos da planta Camellia sinensis, tais como o chá verde, branco, preto e outras variedades como o vermelho e amarelo.
No entanto, um outro tipo de chá tem se destacado cada vez mais em consumo e na literatura científica, devido principalmente às suas propriedades antioxidantes: o chá de hibiscus obtido do cálice da flor de Hibiscus sabdariffa.
A planta que fornece a matéria-prima para essa preciosidade de sabor e saúde tem origem na Índia, Malásia e Sudão, de onde foi posteriormente foi levada para o Sudeste da Ásia, América Central e África. Conhecida popularmente no Brasil como hibisco ou hibiscus, também recebe outras denominações como caruru-da-guiné, papoula, groselha, quiabo-de-angola, azedinha, quiabo-azedo, caruru-azedo, rosele(a) e flor da Jamaica.
Atualmente, todo o hibiscus consumido é produzido na África e Ásia e importado via Alemanha para o Brasil. Não deve ser confundido com o hibiscus ornamental (Hibiscus rosa-sinensis), empregado comumente nos jardins brasileiros e conhecido pela população como hibisco-da-china ou rosa-sinensis.
A utilidade do hibiscus é versátil. Suas folhas, cálices, sementes e fibras podem ser empregadas na indústria de tecidos, na alimentação de animais e também no preparo de bebidas com fins tanto medicinais quanto culinários. Considerado um alimento funcional nos países da Ásia (China, Japão, Taiwan e Coréia), o hibiscus é amplamente utilizado na medicina tradicional como uma alternativa contra a inflamação, hipertensão, problemas cardiovasculares, redução de gordura e como um potente diurético e emagrecedor.
A principal parte da planta utilizada na obtenção do chá são as flores. Os cálices vermelhos são colhidos enquanto ainda estão tenros e suculentos, cerca de 10 dias antes que a flor se abra. Os cálices são desidratados e desse processo se obtém pedaços triturados para infusão ou pó e extratos concentrados que serão utilizados no preparo de bebidas e chás solúveis prontos para o consumo.
Os estudos mostram que todo o potencial preventivo do chá de hibiscus deve-se à presença de compostos com atividade antioxidante que incluem as antocianinas (pigmentos que dão a cor vermelho- brilhante à flor), flavonoides como gosipetina e a quercetina e vitamina C.
Benefícios para a saúde e perda de peso
Os estudos mostram que as antocianinas, flavonoides encontrados em grande quantidade no chá, demonstram um efeito cardioprotetor e vasodilatador; além de serem potentes neutralizadores de radicais livres. A presença desses antioxidantes no chá é capaz de ajudar a reduzir níveis de colesterol, triglicerídeos e de LDL, a fração ruim do colesterol.
As antocianinas e alguns flavonoides também estão envolvidos no processo anti-hipertensivo proporcionado pela ingestão do chá de hibiscus. Essas substâncias teriam a capacidade de inibir a conversão da enzima angiotensina I em angiotensina II, reduzindo dessa forma a pressão arterial. Uma grande revisão bibliográfica publicada no periódico Fitoterapia em 2013 reforça esse benefício e cita estudos como o publicado no Journal of Nutriton (2010), que avaliou 65 adultos levemente hipertensos consumindo chá de hibiscus por um período de seis semanas. A pressão arterial foi reduzida significantemente.
No que diz respeito à ação diurética (o que pode ajudar no combate a retenção de líquidos), estudo recente publicado no periódico Planta Médica (2012) mostrou que em parte o efeito é devido à modulação que certas substâncias presentes no chá exercem sobre a atividade do hormônio aldosterona, secretado pelas suprarrenais e que tem a função de regular o balanço eletrolítico. Outro estudo do Journal of Ethnopharmacology (2012) afirma que esse efeito seria causado pela liberação de óxido nítrico, que aumenta o vasorelaxamento renal, aumentando a filtração renal.
Na questão de perda de peso, estudos como o publicado em 2012 no periódico Phytomedicine, mostram que o consumo regular de chá de hibiscus e suas substâncias antioxidantes pode reduzir o processo de adipogênese, que converte células pré-adipócitas em adipócitos maduros no nosso corpo. Explico: para quem não sabe, os adipócitos são células capazes de acumular gorduras no corpo em forma de triglicerídeos. Dessa forma, o chá de hibiscus poderia ser um bom coadjuvante na eliminação de gordura corporal e, consequentemente, ajudar no processo de emagrecimento.
Quanto e como consumir?
Você pode consumir de um a dois copos/xícaras ao dia, gelado (que é muito gostoso) ou quente. O consumo pode ser feito a qualquer hora do dia.
Os chás vendidos em sachês são práticos, porém perdem grande parte do sabor e das propriedades, já que esse formato não permite a total extração dos compostos ativos, devido à barreira que existe entre a planta e o sachê.
Se optar pela planta desidratada, vendida a granel (sem sachê), fique atento à qualidade, que muitas vezes deixa a desejar e à temperatura de preparo. Nesse caso, o chá deve ser preparado com uma infusão. Isso significa despejar água fervente em uma xícara sobre a erva e, em seguida, abafar o recipiente por dez minutos.
As versões concentradas, comercializadas na forma de pó (chá solúvel), são superpráticas de preparar e muitas vezes empregam o extrato concentrado que contém os ativos padronizados da flor. Nesse caso, basta adicionar uma colher de sopa do pó em água e o produto está pronto para ser consumido. Eu, particularmente, prefiro essa versão.
Para finalizar, lembro sempre que apesar de todos os benefícios, a bebida não é milagrosa e deve estar sempre acompanhada de uma dieta balanceada. Sendo assim, não perca tempo e comece já a incluir o chá de hibiscus no seu dia a dia, garantindo uma vida muito mais saudável e saborosa. Finalmente é válido lembrar que o chá de hibisco é totalmente livre de cafeína!