Da Redação
Cerca de 30% da população mundial sofre com sobrepeso e obesidade, a OMS (Organização Mundial da Saúde) a nomeou como a doença do século XXI, trata-se um problema tão grave que o seu índice, há muito tempo, já ultrapassou a marca da AIDS, uma das doenças de maior impacto enfrentadas pela humanidade – contaminou em torno de 60 milhões de pessoas. Todos esses dados tornam a obesidade um problema de saúde pública igualável ao da desnutrição.
Antes, privilégio dos países desenvolvidos, hoje, ao contrário, ela afeta parcelas cada vez mais crescentes dentro das populações mais pobres. A grande disponibilidade de alimentos com alto teor calórico e o estilo de vida sedentário são os fatores ambientais mais associados ao aumento da obesidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, dois terços da população tem sobrepeso e metade é obesa. No Brasil, algumas pesquisas demonstraram um aumento de 255% na prevalência da obesidade mórbida, levando a uma estimativa de que exista mais de 27 milhões de brasileiros obesos e, pelo menos, 1,5 milhões de obesos mórbidos.
Mas o que é obesidade mórbida?
A OMS utiliza o IMC (Índice de Massa Corporal) para classificar a obesidade da população, o cálculo divide o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. Acima de 25 kg/m2 o indivíduo está com sobrepeso, de 30 kg/m2 ele é considerado obeso e a partir de 40 Kg/m2 ele alcança a obesidade grau III ou mórbida, diretamente relacionada ao aumento da mortalidade e a ocorrência de diversas doenças associadas, as chamadas co-morbidades.
Considerando que a obesidade é uma condição médica crônica e causada por múltiplos fatores, seu tratamento envolve abordagens de caráter nutricional, medicamentoso e prática de exercícios físicos. Nenhuma delas faz milagre, o resultado depende fundamentalmente da consciência do paciente de que sua performance determinará o resultado. Cerca de 95% dos pacientes que passam pelo tratamento convencional recuperam seu peso inicial em dois anos, aos que não conseguem restam as intervenções mais incisivas.
A cirurgia bariátrica (ou redução do estômago) é o método mais eficaz para a cura da obesidade mórbida. Realizada no Brasil há 34 anos, estima-se que hoje em torno de 20 a 25 mil cirurgias sejam realizadas no país anualmente, sendo que apenas 20% delas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O paciente que se propõe a fazer uma cirurgia para tratamento da obesidade ingressa num longo processo de readaptação corporal que começa dois anos antes e só termina dois ou três anos depois.
É importante salientar que para realização deste procedimento, alguns critérios devem ser obrigatoriamente seguidos tais como: presença de obesidade mórbida estável por um período superior a dois anos, idade acima de 18 anos, tratamento clínico prévio ineficaz – pelo menos dois anos de tentativa de emagrecimento comprovada, ausência do uso de drogas e bebidas alcoólicas, ausência de doenças com riscos inaceitáveis para cirurgia e de doenças endócrinas como causa da obesidade, compreensão dos riscos e das mudanças de hábitos de vida pós-cirurgia e a necessidade de acompanhamento pós-operatório com equipe multidisciplinar, isto é, formada por vários especialistas.
Atualmente, o grande problema observado é que, a médio e longo prazo, os pacientes passam a apresentar os mais variados graus de desnutrição protéica e calórica, e de anemias e deficiências vitamínicas diversas, que, na maioria das vezes poderiam ter sido completamente evitadas se o paciente estivesse sendo acompanhado de perto por uma equipe multidisciplinar antes, durante e principalmente após a cirurgia bariátrica. Fica claro que, para o sucesso duradouro do procedimento cirúrgico, é fundamental que sejam obedecidos todos os critérios de seleção de candidatos à cirurgia e que o acompanhamento clínico/nutricional pós-operatório seja criteriosamente realizado e continuado para o resto de suas vidas.
Segundo dados de um importante hospital paulistano do bairro Moema, que realiza uma média de 300 cirurgias bariátricas por ano, cerca de 65% dos pacientes têm um percentual de perda de peso acima de 50%, num espaço de tempo entre 6 meses e um ano pós-cirurgia. Nesse mesmo período, 76,92% apresentam cura das doenças associadas à obesidade.
SERVIÇO
Para garantir a segurança, é fundamental que o paciente procure uma equipe filiada à Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (http://www.sbcbm.org.br) e faça o acompanhamento multidisciplinar, aí o sucesso é garantido
Fonte: Isabella V. de Oliveira é graduada em medicina pela UFRJ e mestranda em Ciências da Saúde pela UNB