por Tatiana Ades
"Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões e fazem com que as suspeitas pareçam verdades." (Cervantes).
Ciúme é a necessidade exagerada de atenção e provação do amor do próximo, fazendo isso de forma controladora, com a necessidade de ser ‘dono ou dona’ do outro.
Assim, o parceiro torna-se um objeto e a pessoa ciumenta seu vigilante diário, que vasculha todas as suas coisas a fim de encontrar uma prova de infidelidade, para justificar o sentimento avassalador de vazio e medo.
Ciúme na dose certa
Há um lado positivo desse sentimento. “Ele protege o amor. Nos relacionamentos em que os sentimentos de ciúme são moderados e ocasionais, ele relembra ao casal que um não deve considerar o outro como totalmente conquistado e submisso. Pode encorajar casais a fazer com que se apreciem mutuamente e façam um esforço consciente para garantir que o parceiro se sinta amado.
O ciúme potencializa e aumenta as emoções – o amor fica mais forte e o sexo oposto mais apaixonado. Em doses pequenas e manejáveis, o ciúme pode ser um estímulo positivo num relacionamento.
Quando o ciúme vira doença
Mas quando é intenso ou irracional, a história é bem diferente, o outro torna-se o foco principal de sua vida e há a necessidade incontrolável de descobrir uma suposta traição, entramos então no campo do ciúme patológico:
A pessoa telefona para a outra diversas vezes por dia, de forma compulsiva, implica com roupas, a vaidade do outro é questionada o tempo todo.
O passado do parceiro(a) é constantemente colocado à prova, tenta encontrar nele motivos que justifiquem as acusações que faz.
Segue o parceiro(a), contrata detetives, fuça em computadores, cadernos pessoais do outro, tenta descobrir senhas pessoais, rouba números telefônicos e faz ligações para “possíveis” amantes.
Observa o tempo todo para onde o outro está olhando, sempre imaginando que há um rival próximo.
Acusa, agride, ameaça se matar e pode chegar a matar a vítima desse ciúme obsessivo.
(O uso de álcool e drogas pode potencializar o ciúme, além de distúrbios paranoicos e problemas mentais.)
O ciumento exagerado coloca na cabeça que o outro o está enganando e pode até chegar a ter delírios e sintomas paranoicos, angústia, depressão e inquietação, buscando provas de uma possível traição como se essa fosse fato. Dessa forma, o ciumento irá buscar provas até justificar que está correto.
O ciumento estará sempre em um estado de constante vigília, ansioso, estressado e aflito, é exagerado nas atitudes que toma, podendo se tornar agressivo, acusador, desconfiado, o que causa grandes problemas no relacionamento. Esse descontrole pode levar os ciumentos a protagonizar cenas ridículas e constrangedoras em público
O ciúme é um fenômeno intrínseco. Muitas causas são desconhecidas e muitas vezes não existem motivos, mas o ciúme existe em todos nós, mesmo que em pequenas proporções.
O que difere um ciúme normal de um patológico?
Logo, o ciúme é uma emoção humana comum e universal, por isso, é mais difícil diferenciar o ciúme normal do patológico. Porém, enquanto o ciúme normal é passageiro e desencadeado por fatos reais, o ciúme Patológico seria uma preocupação infundada, exagerada e absurda. No ciúme não patológico o maior desejo é preservar o relacionamento, no ciúme patológico haveria o desejo inconsciente da ameaça de um rival (KAST, 1991). “
Sintomas de um ciúme saudável:
1. Não há necessidade de controlar o outro o tempo todo;
2. O pensamento constante de que está sendo enganado é muito esporádico;
3. A pessoa sente ciúme por algo real e não imaginário;
4. Mesmo enciumado (a), o parceiro percebe quando está indo longe demais;
5. O outro é visto como pessoa amada (por isso o ciúme) e não como objeto e propriedade a ser controlada
Sintomas de um ciúme patológico:
1- Fantasia e delírios sobre uma possível traição de forma obsessiva(pensa nisso o dia inteiro);
2- Sintomas de cansaço, fadiga, ansiedade e depressão;
3- Sintomas de raiva, vergonha, humilhação, insegurança;
4- Sintomas de raiva, ódio e desejo de vingança.