Hoje tocarei num tema delicado, e apesar disto, serei breve. A ideia é instigar a reflexão e não criar polêmicas.
O ciúme saudável está relacionado ao zelo e ao cuidado, não traz grandes sofrimentos – nem para que o sente e nem para o parceiro. Ele acontece, a pessoa vive e termina ali, junto com a segurança de si (autoestima) e do reasseguramento do amor por parte do parceiro. Por outro lado, o ciúme patológico é mais impulsivo. Tudo, qualquer coisa, pode ser interpretado como um sinal de traição do parceiro: um aperto de mão mais demorado, um olhar…. quando o parceiro dá mais atenção à outra pessoa, lá vem o ciúme. Por causa desse turbilhão de emoção, a pessoa acaba exagerando: persegue – virtual ou pelas ruas mesmo, dá incerta no trabalho do parceiro (será que ele foi mesmo trabalhar?), vasculha pertences, tenta invadir o celular e o computador, xereta as redes sociais e por aí vai.
O ciúme patológico é uma mistura de emoções exacerbadas: raiva, hostilidade, tristeza, mágoa, excitação sexual, culpa, nojo, amor, inveja, vingança, ansiedade, desconfiança e depressão (e mais outros, com certeza). Uma panela de pressão.
Estudos dizem que essas experiências de ciúme exagerado estão altamente relacionadas a casos de agressão contra o parceiro, violência essa que pode ser tanto verbal quanto física.
Deparei-me com duas notícias veiculadas por jornal online e a duas abordaram o mesmo tempo: a mulher agrediu o parceiro por causa de ciúme exagerado. Aqui, então, começa a polêmica: estudo recente ainda não publicado descobriu que as mulheres ciumentas patológicas são mais agressivas do que os homens.
No artigo científico publicado por Conceição et al. (2018) há relatos de que 1 em cada 7 homens nos Estados Unidos já foi agredido pela parceira. Aqui no Brasil, as pesquisas sobre este tema (violência da mulher contra o homem) ainda estão engatinhando, e existem poucos dados, mas nestes já aparecem que 13,7% delas já agrediram seu parceiro de alguma forma.
Por que polêmica? Quantas notícias você já leu na vida que diz isso? Então por que as taxas de feminicídio só aumentam? Ainda não tenho estas respostas.
O ponto é que as mulheres parecem estar agredindo e muito seus parceiros românticos (ou parceiras) e isto não tem sido visto e muito menos tratado. Precisamos entender o fenômeno.
A literatura científica diz que isso é mais comum do que o noticiário dos jornais. E agora?