por Jocelem Salgado
O chocolate sempre foi considerado o inimigo número um das dietas e da vida saudável. Mas a Medicina e a Nutrição estão comprovando que os seus benefícios superam eventuais prejuízos.
A sua capacidade de estimular a produção de serotonina (substância do cérebro que melhora o humor das pessoas) ajuda a combater a depressão e a ansiedade. Além disso, contém substâncias estimulantes como a cafeína, a teobromina e a tiramina que agilizam o raciocínio. Portanto, levar uma barra de chocolate para as provas do vestibular é uma idéia sábia, uma vez que os estimulantes do chocolate deixam o cérebro do estudante "mais esperto".
O chocolate também proporciona uma vital quantidade de vitamina E, poderoso antioxidante, que evita a formação de placas de gordura nas artérias e que combate o colesterol ruim. Estudos mostram também que o chocolate, assim como o vinho tinto, contém polifenóis (poderosos antioxidantes) que impedem o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sangüíneos, e portanto, se consumido com bom senso, seria um aliado na prevenção de doenças cardiovasculares.
A Escola de Saúde Pública de Harvard concluiu que as pessoas que comem chocolate vivem um ou dois anos a mais do que as que não comem. E, segundo o British Medical Journal, o chocolate beneficia o sistema imunológico, reduzindo a probabilidade de tumores.
Dezoito estudos científicos já mostraram que comer chocolate não eleva o nível do colesterol sangüíneo, isto porque a sua gordura denominada ácido esteárico não é tão nociva como as outras, explicam os pesquisadores.
Como no caso do vinho tinto, que ingerido em quantidades moderadas controla o colesterol sangüíneo, no caso do chocolate também é importante não exagerar na dose.
Uma única barra de chocolate de 100 gramas contém 520 calorias, o equivalente ao que é fornecido por um sanduíche ou um bife à milanesa. Como se vê, o chocolate é bastante energético, e se essa energia não for utilizada, será armazenada como gordura e a longo prazo, trará conseqüências sérias para o coração, fazendo com que ocorra exatamente o oposto do que as pesquisas pregoam. Assim sendo, pessoas obesas ou com nível de colesterol alto, não devem comer mais que um tablete pequeno por dia, ou seja, 30 a 50 gramas, advertem as pesquisas.
Por que o público feminino consome mais chocolate que o masculino?
O desejo pelo chocolate nas mulheres é mais acentuado do que nos homens. Isto porque nelas ocorre uma diminuição do neurotransmissor serotonina no cérebro quando a menstruação se aproxima, ficando com isso irritadas. O açúcar do chocolate, então, compensa a falta dessa substância, que promove o bem estar. Após trinta minutos depois da ingestão, já se nota uma mudança no sistema nervoso, levando ao relaxamento. A ansiedade para o consumo de chocolate tende também a aumentar logo depois da ovulação, quando o nível do hormônio progesterona diminui. No entanto, nas mulheres que tomam anticoncepcionais, essas flutuações hormonais não ocorrem, e de acordo com os pesquisadores, essas mulheres consomem menos chocolate.
Por que certas pessoas são sensíveis ao chocolate?
Existem indivíduos mais sensíveis aos estimulantes presentes no chocolate. Nesses, a cafeína poderá causar inquietação, distúrbios do sono e taquicardia. Pesquisas mostram também, que a substância tiramina, presente no chocolate, que possui ação vasodilatadora, é a responsável por enxaquecas.
O que um chocólatra, um drogado, um fumante e um jogador compulsivo tem em comum?
Todas as considerações benéficas feitas até agora, referem-se ao consumo moderado do chocolate, uma vez que já foi comprovado que esse alimento pode viciar exatamente como o álcool, o fumo e as drogas.
Aparentemente, não existe nenhuma ligação entre um chocólatra, um drogado, um fumante e um jogador compulsivo, mas podemos afirmar que todos são viciados. A diferença é que existem certos vícios que são aceitos pela sociedade, como é o caso dos chocólatras, e outros que são condenados: por exemplo os drogados. Segundo cientistas filandeses, os chocólatras sofrem de ansiedade, culpa, frustração e depressão quando vêem seu objeto do desejo: o chocolate. Essas pessoas têm tendência à bulimia.
O vício é uma fragilidade da personalidade de cada pessoa, todos estamos sujeitos a ele. O fator que determina o comportamento humano são as emoções; se a pessoa se manter emocionalmente bem, não cairá no vício. Não existe ninguém que se mantenha equilibrado permanentemente. A fragilidade emocional do homem pode torná-la compulsiva e ansiosa. O humano compulsivo toma uma decisão determinada não tendo controle da situação, mas com consciência daquilo que faz.
Todo vício é controlado quando a pessoa tem consciência de que é viciada, busca um processo de autoconhecimento, trabalhando a sua ansiedade. Só o tratamento medicamentoso não funciona. O tratamento é feito de maneira específica, pois cada indivíduo é único e suas particularidades estão guardadas em sua personalidade e dentro da história de vida de cada um.
Algumas pesquisas atribuem à substância teobromina (presente no cacau) como a responsável pela "atração fatal" exercida pelo chocolate. Outros apontam à feniletamina, como a vilã, ou seja, a mesma substância que o cérebro libera quando a pessoa está apaixonada.
Agora que você já conhece os prós e os contras do chocolate, saboreie-o com moderação.